Reino Unido e União Europeia firmam novo pacto e iniciam reaproximação estratégica pós-Brexit

Cerca de nove anos após o referendo do Brexit, Reino Unido e União Europeia (UE) chegaram a um consenso nesta segunda-feira para uma colaboração estratégica nas áreas de defesa, cooperação internacional e comércio exterior. Esse é um significativo passo de reaproximação e alinhamento após a saída do Reino Unido do bloco europeu em 2020. Autoridades britânicas e europeias festejaram o acordo como uma notável vitória, apesar de certos segmentos do Reino Unido terem interpretado os termos como uma “resistência”.

O pacto foi concebido para ajudar as duas partes a trabalharem de forma mais estreita num momento em que os Estados Unidos sinalizam uma redução no seu compromisso com a segurança europeia. Ele também reflete a ambição do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, de “redefinir” as relações com o bloco de 27 países após a saída da União Europeia.

“Estamos concluindo uma nova parceria estratégica adequada aos nossos tempos, que trará benefícios reais e tangíveis em termos de segurança, imigração irregular, preços de energia, agroalimentar, comércio e outras áreas, reduzindo contas, criando empregos e protegendo nossas fronteiras”, declarou Starmer ao receber a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, em Londres.

O Reino Unido e a União Europeia firmaram um novo acordo que marca um avanço nas relações pós-Brexit, com destaque para a criação da Parceria de Segurança e Defesa. O pacto prevê reuniões regulares sobre segurança, possibilidade de participação britânica em missões militares da UE e em licitações do fundo de defesa europeu de 150 bilhões de euros (R$ 957 bilhões).

“É um grande dia. Estamos virando a página e abrindo um novo capítulo”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

O acordo também inclui cooperação em mobilidade militar, segurança cibernética, infraestrutura crítica e segurança econômica, como no setor do aço.

Na área econômica, os dois lados firmaram um acordo que permite o acesso de embarcações da UE às águas britânicas até 2038, 12 anos a mais do que o previsto anteriormente. Em contrapartida, a UE aliviará burocracias na importação de alimentos do Reino Unido, com a adoção de um padrão fitossanitário unificado. O governo britânico estima que essas medidas podem gerar um impacto de 9 bilhões de libras (R$ 68 bilhões) na economia até 2040.

Embora o setor de carnes tenha comemorado a simplificação, representantes da pesca criticaram a falta de consulta prévia. O premiê Keir Starmer minimizou as críticas e anunciou um investimento de 360 milhões de libras (R$ 2,7 bilhões) para modernizar comunidades costeiras.

Apesar dos avanços, o Reino Unido descartou retornar à união aduaneira e ao mercado único da UE, e não aceitou restaurar a mobilidade plena entre cidadãos. Há, no entanto, abertura para discutir um programa de mobilidade limitada para jovens de 18 a 30 anos, com negociações ainda em andamento.

Por: Carolina Sepúlveda 

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