Doença de Lyme: negligência médica e atraso no diagnóstico motivam campanha por visibilidade no Brasil

Causada pela bactéria Borrelia burgdorferi e transmitida pela picada de carrapatos contaminados, a doença de Lyme é amplamente registrada em países como os Estados Unidos, que contabilizam cerca de 476 mil casos anuais. No Brasil, porém, a falta de notificação obrigatória impede a coleta de dados precisos.

Segundo Beatriz Burgos, jornalista que contraiu a doença em 2014, a maior dificuldade enfrentada por pacientes está no reconhecimento da doença pelos profissionais de saúde.

“Muitos médicos dizem que não existe doença de Lyme no Brasil”, relata.

A condição costuma ser confundida com esclerose múltipla ou fibromialgia, o que atrasa o diagnóstico e pode levar à evolução do quadro para formas mais graves e crônicas.

A doença se manifesta em três fases: aguda, disseminada inicial e disseminada crônica, com sintomas que incluem fadiga, febre, espasmos musculares, confusão mental, dor difusa e até alterações cardíacas. No caso de Beatriz, a evolução para a fase crônica exigiu dois longos tratamentos. Após entrar em remissão em 2015, ela teve uma recaída em 2022, sendo novamente tratada até alcançar nova estabilidade em 2024.

Para ampliar a conscientização, a jornalista criou a campanha “Fala de Lyme, Brasil”, promovida anualmente em maio. Beatriz destaca a importância do diagnóstico precoce, que pode garantir altas taxas de remissão.

“A funcionalidade e a independência são muito afetadas pela doença. É incapacitante”, afirma.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução