Armas americanas alimentam guerra do tráfico no Rio; 60% dos fuzis apreendidos vieram dos EUA

Uma rota internacional de tráfico de armas, que parte dos Estados Unidos e passa por fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, tem abastecido facções criminosas no Rio de Janeiro, segundo a Polícia Militar. Só em 2025, 60% dos fuzis apreendidos no estado têm origem americana.
A mais recente ação, a Operação Contenção, apreendeu 240 armas e mais de 43 mil munições em quatro estados. A operação teve apoio da agência americana Homeland Security Investigations (HSI), braço do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
O caso expôs a complexa rede de fornecimento, que conta com dezenas de atravessadores e até representantes das facções instalados em países vizinhos para negociar diretamente. A diversificação da logística ficou evidente com a prisão de Eduardo Bazzana, dono de lojas de armas em São Paulo, suspeito de negociar com o traficante Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o “Zeus Muzema”, líder do Comando Vermelho na favela da Muzema, na Zona Oeste.
O histórico do tráfico de armamentos inclui figuras como Josias João do Nascimento, ex-policial federal acusado de chefiar um esquema bilionário que envolvia desmontar fuzis AK-47 e AR-10 em Orlando, nos EUA, e enviar as peças camufladas ao Brasil. Em 2017, a Polícia Federal interceptou uma carga com 60 fuzis enviada de Miami para o Rio.
De janeiro até o dia 13 de maio, 254 fuzis foram apreendidos no estado. A fabricante Colt lidera o ranking das armas recolhidas. O número confirma que a rota internacional continua ativa e abastecendo a violência nas favelas cariocas.
Por: Maria Clara Corrêa
Imagem: Divulgação/Polícia Federal do Rio de Janeiro