Frontal boss: raspar cabeça para ter testa maior era símbolo de estilo e poder no século 15

Entre os séculos XV e XVI, na Europa, mulheres passaram a raspar parte do cabelo para exibir a testa mais longa, em um gesto de adequação ao ideal de inteligência e sofisticação, impulsionado pelas mudanças sociais do Renascimento e pela ascensão de figuras como a rainha Elizabeth I.

Durante a transição entre a Idade Média e o Renascimento, a forma de se vestir e se apresentar ao mundo começou a mudar. Com o crescimento das cidades e da burguesia, a circulação em espaços públicos aumentou, e com isso veio a necessidade de marcar presença visualmente. Mulheres que antes viviam em reclusão passaram a se mostrar mais, e o corpo, inclusive o rosto, virou um campo de expressão e status.

Nesse contexto, uma testa ampla passou a ser vista como um indicativo de mente ativa e pensante. A historiadora Laura Ferrazza explica que o novo valor simbólico da testa surgiu quando mulheres começaram a ocupar pequenos espaços na vida intelectual, impulsionadas pela criação das universidades e uma leve flexibilização do olhar sobre o feminino. Ainda assim, a testa alta vinha acompanhada de silhuetas que destacavam o ventre, reforçando que, mesmo com uma mente admirada, o destino da mulher ainda era gerar filhos.

A rainha Elizabeth I se tornou o maior exemplo dessa estética. Após perder os cabelos por conta da varíola, usou perucas que destacavam sua testa e pele clara, influenciando diretamente o padrão de beleza da corte. Homens e mulheres passaram a adotar o visual, reforçando não só o ideal de inteligência, mas também a imagem de autoridade e poder. O estilo reinou até o fim do século XVI, quando começou a dar lugar a formas mais naturais e suaves no período Barroco.

Por: João Pena
Foto: Reprodução / Internet