Surto de cólera na Europa em fevereiro é ligado a água sagrada contaminada na Etiópia

Sete casos de cólera registrados na Europa em fevereiro foram associados à ingestão de água contaminada durante uma procissão religiosa no poço sagrado de Bermel Georgis, na Etiópia. A informação foi confirmada por um relatório divulgado no último dia 9 de abril pelo Instituto Robert Koch (RKI), da Alemanha, em parceria com a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA).
O local, mantido pela Igreja Ortodoxa Etíope Tewahedo, é conhecido por sua água considerada mística, associada à “cura espiritual”, o que atrai anualmente centenas de fiéis e turistas. Segundo o levantamento, o surto começou após três alemães contraírem a infecção durante visita ao poço. Dois deles levaram água benta para casa, e borrifaram no rosto de um terceiro, que também adoeceu.
Outros quatro casos foram identificados no Reino Unido, todos relacionados direta ou indiretamente ao consumo da mesma água sagrada. Os pesquisadores descobriram que os pacientes estavam infectados por uma linhagem multirresistente da bactéria Vibrio cholerae, o que representa um risco aumentado à saúde pública devido à dificuldade no tratamento.
Apesar da gravidade do quadro — dois pacientes chegaram a precisar de terapia intensiva —, todos os infectados se recuperaram. A cólera é uma infecção intestinal grave, transmitida por alimentos ou água contaminados, e seus surtos geralmente estão associados à falta de saneamento básico.
Segundo relatório da Comissão Europeia, a região onde fica Bermel Georgis enfrenta surtos recorrentes de cólera, como o de 2015, que levou à interdição temporária do local. Só em fevereiro deste ano, autoridades locais notificaram 160 casos e pelo menos três mortes. Conflitos armados e infraestrutura precária dificultam as ações de saúde pública na área.
Diante do risco, especialistas recomendam cautela aos viajantes, principalmente em locais onde a cólera é endêmica. O uso de água benta, por exemplo, deve ser restrito a aplicações externas para minimizar riscos de infecção.
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