Juíza Tula Mello havia condenado traficante antes de ataque que resultou na morte do marido

O ataque à juíza Tula Mello, que resultou na morte do seu marido e agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), João Pedro Marquini, ocorrido em 30 de março na Serra da Grota Funda, Zona Oeste do Rio, teria sido ordenado por Ronaldo Pinto Lima Silva, o Ronaldinho Tabajara, chefe do tráfico da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Preso desde 2003 e atualmente em um presídio federal fora do estado, Ronaldinho segue no comando da facção e também estaria por trás da invasão de territórios controlados por milicianos, como a comunidade de Antares.
Tula Mello havia condenado Ronaldinho a 30 anos de prisão em 2023, por ser mandante do assassinato de Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha, ocorrido dentro do presídio Vicente Piragibe, em Bangu. O crime foi articulado de dentro da Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3), com a ajuda de outro condenado, Roberto de Souza Brito. A motivação teria sido a suspeita de que Dudu colaborava com agentes penitenciários.
Na sentença, Tula classificou o crime como torpe e destacou a “audácia criminosa” dos mandantes ao ordenar uma execução de dentro do sistema penitenciário. Ela apontou ainda o “desrespeito ao Estado” e os efeitos do “narcoterrorismo” sobre a sociedade.
Após a morte de Marquini, a Polícia Civil lançou uma operação em 15 de abril na Ladeira dos Tabajaras. Houve confronto, e cinco suspeitos foram mortos, entre eles Vinícius Kleber Di Carlantonio Martins, o “Cheio de Ódio”, considerado braço direito de Ronaldinho Tabajara. Outro envolvido, Antônio Augusto D’Ângelo da Fonseca, foi preso horas depois, escondido no apartamento da mãe, em Copacabana.
Mesmo após mais de duas décadas preso, Ronaldinho Tabajara continua sendo um dos principais líderes do Comando Vermelho e é investigado em 53 inquéritos. Sua defesa nega que ele se comunique de dentro da prisão.
Por: André Zamora
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