Morre aos 100 anos Wilson Figueiredo, ícone do jornalismo brasileiro

O jornalista e escritor Wilson Figueiredo, um dos nomes mais respeitados da imprensa nacional, faleceu neste domingo (20), aos 100 anos, em seu apartamento no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. A causa da morte foi natural, segundo informou a família. Figueiredo completou um século de vida em julho de 2024 e seguia lúcido e atuante até os últimos anos. Deixa quatro filhos.
Natural de Castelo, no Espírito Santo, e criado em Minas Gerais, Wilson Figueiredo integrou a geração de intelectuais mineiros que marcou a literatura e o jornalismo do século XX. Era amigo próximo de Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, com quem compartilhou a juventude em Belo Horizonte.
Radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1950, Figueiredo construiu sua carreira mais longeva no Jornal do Brasil, onde atuou por 45 anos como comentarista político. Participou de momentos decisivos da imprensa brasileira, como a histórica reforma gráfica do jornal nos anos 1950, ao lado de Odilo Costa Filho e Reynaldo Jardim, que modernizou o JB e o transformou em referência nacional de jornalismo impresso.
Além da atividade jornalística, Wilson Figueiredo foi também poeta e escritor. Publicou seis livros, entre eles os volumes de poesia A Mecânica do Azul (1946) e Poemas Narrativos (1947). Seu estilo lírico e elegante foi elogiado por figuras como Mário de Andrade e Alceu Amoroso Lima. O dramaturgo Nelson Rodrigues chegou a descrevê-lo como “sempre um poeta”.
Mesmo após se aposentar do Jornal do Brasil aos 81 anos, Figueiredo manteve sua contribuição ativa à comunicação, integrando a equipe da FSB Comunicações até os 96 anos. Em 2021, publicou sua biografia “E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo”, na qual, com bom humor, refletiu sobre sua longevidade profissional:
“Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí.”
Diversas personalidades do meio lamentaram sua partida. O crítico Amir Labaki o descreveu como “um dos maiores jornalistas do país” e destacou sua obra como essencial para a compreensão da história brasileira recente.
Por: André Zamora
Foto: Clarissa Barçante/Divulgação