Últimas horas de Francisco: bênção de Páscoa, apelo pela paz em Gaza e passeio de Papamóvel

O Papa Francisco fez sua última aparição pública neste domingo de Páscoa (20), poucas horas antes de morrer, aos 88 anos, em sua residência oficial no Vaticano. Recuperando-se de uma pneumonia dupla que o deixou hospitalizado por mais de um mês, o pontífice emocionou milhares de fiéis ao surgir na sacada da Basílica de São Pedro para dar a tradicional bênção “Urbi et Orbi” — à cidade e ao mundo.

Com a voz ainda frágil, mas visivelmente emocionado, Francisco saudou a multidão reunida na Praça de São Pedro com um caloroso “Feliz Páscoa!”, sendo ovacionado por aplausos e vivas. Embora não tenha presidido a missa, delegada ao cardeal Angelo Comastri, o papa fez questão de estar presente para o momento mais simbólico do calendário cristão.

Durante a celebração, sua mensagem de paz e compaixão ao mundo foi lida por um assessor. Nela, Francisco renovou o apelo por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, criticando a “dramática e deplorável” situação humanitária no território palestino. Ele também condenou o antissemitismo crescente e pediu a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas. “Expresso minha proximidade aos sofrimentos do povo israelense e palestino”, dizia o texto.

“Faço um apelo às partes em conflito: declarem um cessar-fogo, libertem os reféns e venham ajudar um povo faminto que aspira a um futuro de paz.”

A manhã de domingo também incluiu um breve encontro com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, que passava o feriado com a família em Roma. O Vaticano informou que a reunião foi rápida, apenas para trocas de saudações pascais.

A Basílica de São Pedro estava decorada com flores doadas pela Holanda, e a cerimônia aconteceu sob um céu frio, porém ensolarado, em Roma. Desde sua alta médica em março, Francisco havia reduzido drasticamente os compromissos, ausentando-se inclusive das celebrações da Sexta-feira Santa e do Sábado de Aleluia, concentrando-se em repouso e fisioterapia respiratória.

Sua presença na sacada, ainda que breve, representou um esforço significativo em meio à convalescença, revelando seu desejo de se despedir dos fiéis com uma mensagem de esperança, justiça social e solidariedade — marcas que definiram seu pontificado.

Francisco faleceu na madrugada desta segunda-feira (21), menos de 24 horas após essa derradeira aparição pública. Líder espiritual de mais de um bilhão de católicos e primeiro papa latino-americano da história, ele deixa um legado profundo de humildade, defesa dos pobres, diálogo inter-religioso e coragem em tempos de crise global.

 

Foto: Vatican News