Mulher acusa hospital da Zona Norte do Rio de erro médico após cirurgia de silicone: ‘Acordei cega e surda’

Uma vendedora de vestuário acusa um hospital privado na Zona Norte do Rio de Janeiro de cometer um erro médico durante uma cirurgia para a colocação de uma prótese de silicone. Luciene de Souza declara que, quase um ano após a intervenção, ela chegou a perder completamente a visão, a audição e a capacidade de andar. No momento, Luciene afirma que recuperou apenas 70% da visão.

Depois que Luciene divulgou o caso nas redes sociais, a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso no Hospital Semiu, localizado na Vila da Penha. Luciene afirmou que decidiu colocar silicone após o nascimento de seus dois filhos. Ela conta que economizou mais de R$ 20 mil para a cirurgia e estava contente por concretizar o sonho.

No entanto, segundo sua família, durante o procedimento médico, Luciene teve uma parada cardíaca.

“No dia 26 de julho de 2024, eu realizaria um sonho: colocaria silicone. Mas esse sonho virou um pesadelo. Fui fazer uma cirurgia, feliz, porque eu queria colocar [as próteses] após ser mãe. Juntei dinheiro e paguei tudo. Mas, ao acordar, começou o pesadelo”, lembra a jovem.

Segundo a vendedora, durante a operação, ela só lembra de tudo escuro.

“Estava tudo escuro e eu pensei: ‘estou morta’. Comecei a falar com Deus, em pensamento, para que Ele não me deixasse morrer. Quem cuidaria dos meus filhos? Eles precisam de mim. Não sei quanto tempo depois, acordei já sem audição e com meu corpo paralisado do peito para baixo. Bateu um desespero”, diz Luciene.

De acordo com a mulher, funcionários do Hospital Semiu fizeram vários exames para detectar o que aconteceu. No entanto, esqueceram de fazer os curativos nas mamas. Quando eles deram por si, de acordo com a mulher, os peitos da vendedora estavam necrosando.

“Eles esqueceram que colocaram o silicone. Quando abriram para fazer os curativos, estava necrosado. Tinha um buraco no meu peito. Mesmo assim, a médica me deu alta”, relata.

Segundo a técnica de enfermagem Dandara Castro, prima de Luciene, responsável por cuidar da vendedora, ela precisou ser internada no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, para retirar as mamas e fazer um implante.

“A minha prima foi submetida a 2 cirurgias no Souza Aguiar, após essa médica mandá-la para lá. Ela teve que fazer um enxerto, tirar das pernas e do bumbum para colocar no peito. Após a cirurgia, ninguém deu assistência. Ninguém fala o que aconteceu. Só disseram que ela teve uma parada cardíaca, e ficou por isso mesmo”, diz Dandara.

Nove meses depois do procedimento, a vendedora está sem as mamas, utiliza sonda para drenar a urina e tem dificuldades para enxergar, além de utilizar cadeira de rodas para se locomover.

Através de uma nota, o Hospital Semiu disse que a médica que fez a cirurgia em Luciene “não possuía e não possui qualquer vínculo de preposição com esse nosocômio [hospital], de modo que a referida cirurgia se deu de forma autônoma e sob exclusiva responsabilidade técnica e administrativa da [médica]”Ainda segundo o comunicado, “o hospital apenas cedeu suas instalações para a realização do procedimento”.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: Reprodução