Ex-porta-voz da PM é investigado por manter sargento suspeito de extorsão em cargo estratégico

A Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro abriu investigação contra o tenente-coronel Ivan Blaz, ex-comandante do 2º BPM (Botafogo) e antigo porta-voz da corporação, por manter em atividade um sargento suspeito de extorsão dentro do próprio batalhão. Mesmo ciente das denúncias, Blaz não afastou o policial, que permaneceu atuando no Serviço Reservado (P2), setor responsável por investigações e ações de inteligência.
De acordo com apuração do g1, o sargento Alexandre Eduardo Nascimento exigia pagamentos semanais de R$1 mil de dois colegas do serviço de trânsito em troca de suposta “segurança” durante o expediente. A denúncia chegou à Corregedoria por meio da Associação de Moradores de Botafogo, e aponta que Blaz estava ciente do caso, mas optou por não tomar providências imediatas.
A Corregedoria identificou indícios de prevaricação e violação de sigilo funcional por parte de Blaz. Além dele, outros dois oficiais estão sendo responsabilizados por omissão e por manter o sargento no setor de inteligência mesmo após as denúncias.
Em nota, a Polícia Militar informou que instaurou procedimento para apurar a conduta de todos os envolvidos. O sargento será submetido ao Conselho de Disciplina por concussão, crime que ocorre quando um servidor exige vantagem indevida.
Blaz, por sua vez, nega qualquer irregularidade. Em áudio enviado ao g1, ele afirma que Nascimento não era formalmente investigado no momento em que foi transferido para o P2 e classificou as acusações como “absurdas” e “ridículas”. “Não há qualquer prova que confirme essa denúncia absurda. Essa situação é ridícula. O acusado ter que provar que é inocente”, disse.
O tenente-coronel também já havia sido alvo de outra polêmica este ano. Em janeiro, ele foi exonerado do comando do 2º BPM após invadir um prédio residencial no Flamengo, na Zona Sul do Rio, durante uma ação sem mandado judicial. Blaz alegou que buscava prender um traficante com base em uma denúncia anônima. A ação foi registrada em vídeo e gerou forte repercussão.
Por: André Zamora
Foto: Reprodução TV Globo