Tatuadores brasileiros denunciam tratamento de filhos acolhidos em Portugal: ‘Imploram para voltar para casa’, diz pai

Carol Archangelo e Carlos Orleans, tatuadores brasileiros, criticaram publicamente o tratamento dado aos filhos X. e Y., após a retirada da custódia dos pequenos em 17 de março, em Portugal.
Em um post e em várias histórias públicas nos últimos dias em suas contas do Instagram, eles revelaram que as crianças solicitaram para retornar para casa e estavam tristes. Geralmente, as mensagens são direcionadas no perfil de Carlos.
O Portugal Giro entrou em contato com Carlos, que confirmou a revelação em mensagens.
“Em todos os encontros as crianças se mostram malcuidadas, abatidas e imploram para voltar”, escreveu Carlos em uma mensagem, autorizando a publicação da matéria.
Tanto ele quanto Carol publicaram em seus perfis públicos uma foto do menino Y. em um dos encontros semanais com os pais. As crianças estão com uma família de acolhimento.
“Como meu filho está hoje, parece realmente feliz? Olhar para baixo, cabelo grande. Isto são as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) ajudando uma criança”, escreveu Carlos em publicação aberta em seu perfil no Instagram. Carol fez post semelhante.
Na próxima sexta-feira (18), a menina X. fará aniversário de nove anos. Segundo Carlos, a visita está mantida, mas com tempo limitado.
Em uma sequência de publicações sem restrições de público, o tatuador relembrou o aniversário de X. em 2024, quando a menina pediu uma festa na escola. A família, de acordo com as imagens enviadas ao Portugal Giro e publicadas no Instagram, foi ao boliche e a três restaurantes. X. ganhou um par de brincos.
“Agora, eles deram apenas uma hora e meia, numa sala fechada, para comemorar o aniversário dela”, lamentou Carlos na publicação aberta.
O caso de Carol e Carlos gerou comoção no país e no Brasil após ser revelado pelo Portugal Giro. Segundo ele, as crianças não estariam indo à escola há cerca de 20 dias.
Assim como denunciaram outras mães em Portugal e na Itália, eles creem que são perseguidos há três anos pelos órgãos de proteção, que no caso luso são as CPCJ.
“Perseguem imigrantes e lucram com o desespero das famílias que têm seus filhos retirados e entregues para estranhos. Meu filho precisa fazer uma manobra em seu órgão genital todos os dias no banho. E, agora, quem faz? Um estranho”, publicou Carlos, prosseguindo, desta vez em um post aberto, como sempre, a todos visitantes de seu perfil:
“Na reunião, pedi para que não dessem banho nos meus filhos e tive que ouvir que se for para pensar assim, “eu também poderia ser um agressor sexual dos meus filhosʼ”.
“Minha filha está com o cabelo todo embolado e terá que cortar porque não estão cuidando. Meu filho está abatido e traumatizado. Implora em todas as reuniões para vir embora”, completou.
O processo é criticado pelo casal porque, segundo Carlos, se baseia na criação de narrativas exageradas, com etapas que foram classificando os pais de irresponsáveis até a acusação de negligência e retirada da guarda por medida cautelar, sem notificação.
“Se a professora sinalizar seu filho no colégio e dizer que ele precisa de ajuda, não aceite e procure um advogado. Se for para a comissão de proteção, não assinem nenhum documento”, escreveu Carlos em uma publicação.
A decisão foi tomada com base em requisição do Ministério Público e no processo de apoio social/administrativo à família iniciado em 2023, numa escola pública de São Pedro do Sul, em Viseu, Centro de Portugal.
“Isso por faltar algumas reuniões! Nos acusaram de tudo e, ao mostrar provas que estavam equivocados, ela disse: “Mas a gente não conseguiu falar com vocês, então…” Se você desmarcar uma reunião que seja, já será acusado de negligência”, escreveu Carlos no post público
A medida cautelar imediata para acolhimento familiar terá a duração prevista de até seis meses. Uma revisão da decisão está marcada para este mês, após entrevistas e vistorias na residência. Outras revisões serão feitas de dois em dois meses, caso haja a necessidade de a medida cautelar prosseguir.
Em resposta ao Portugal Giro, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) informou que não poderia comentar o caso dos filhos de Carlos e Carol e pediu que enviasse as questões “para a CPCJ de São Pedro do Sul, que foi quem tramitou o processo”.
O Portugal Giro enviou um e-mail pedindo um esclarecimento sobre as críticas públicas dos pais ao tratamento dado aos filhos para a representação indicada da CPCJ em São Pedro do Sul, que respondeu o seguinte:
“Os processos de promoção e proteção relativos às crianças em apreço não correm termos na CPCJ de S. Pedro do Sul, uma vez que tais processos foram remetidos para o Ministério Público com fundamento na não prestação de consentimento por parte dos pais para a intervenção da CPCJ”.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Reprodução Instagram