Estudo alerta que chicletes liberam microplásticos na boca

Um estudo inédito, apresentado na terça-feira (25) na reunião da Sociedade Americana de Química, revelou que a goma de mascar libera centenas de microplásticos na boca, embora os cientistas ainda não saibam qual o impacto disso na saúde humana. Conduzido por Sanjay Mohanty, pesquisador da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), o estudo se propôs a destacar uma rota pouco explorada pela qual microplásticos entram no corpo humano, o chiclete. Os pesquisadores descobriram que um único pedaço de goma pode liberar, em média, 100 microplásticos, com algumas marcas chegando a liberar mais de 600.

O estudo foi baseado na análise química da saliva de Lisa Lowe, estudante de doutorado da UCLA, que mastigou sete pedaços de goma de diferentes marcas. A média de peso de um chiclete é de 1,5 grama, com isso, alguns cientistas estimaram que, ao mastigar cerca de 180 chicletes por ano, uma pessoa poderia ingerir aproximadamente 30.000 microplásticos, uma quantidade que, segundo Mohanty, é insignificante quando comparada à ingestão deles através de alimentos e água.

A pesquisa identificou a goma de mascar como uma nova fonte de microplásticos, evidências conclusivas ainda não foram geradas para que os plásticos realmente tenham efeitos diretos na saúde humana. Porém, a presença de microplásticos já foi confirmada em diversas partes do organismo humano, incluindo pulmões, rins, sangue e cérebro, o que gera preocupações sobre seus impactos a longo prazo. Mohanty foi cauteloso em não alarmar a população, destacando que o estudo busca apenas abrir o debate sobre esse tipo de ingestão, não confirmá-lo.

Os microplásticos encontrados na goma de mascar não se limitam apenas aos produtos sintéticos, que são feitos com polímeros derivados do petróleo. A pesquisa também incluiu marcas de chicletes naturais, que utilizam polímeros à base de plantas, como a seiva de árvores. Surpreendentemente, ambos os tipos de goma liberaram microplásticos, algo que, segundo Lowe, foi uma descoberta muito inesperada.

Embora a pesquisa tenha gerado surpresa, tanto em relação aos plásticos não esperados, como os encontrados em algumas marcas, o estudo não trouxe grandes surpresas para outros especialistas. O pesquisador da Universidade de Porthmouth, David Jones, apontou que os resultados dos estudos foram previsíveis, considerando o crescente número de fontes de microplásticos no meio ambiente.

Por: João Pena
Foto: Reprodução / Internet