Homem é inocentado após 47 anos no corredor da morte

Iwao Hakamata, que passou quase 50 anos no corredor da morte após ser condenado injustamente por assassinato, será indenizado em 217 milhões de ienes (R$ 8,25 milhões), o maior pagamento já registrado no Japão em um caso criminal. Condenado em 1968 e libertado em 2014 após um novo julgamento que revelou evidências plantadas, Hakamata, agora com 89 anos, sofreu graves danos físicos e mentais devido à detenção prolongada. O governo japonês será responsável pela indenização, reconhecendo os prejuízos causados à sua saúde.

O juiz do caso, Kunii Koshi, concordou que os prejuízos a saúde do japonês foram “extremamente graves”. O governo pagará a indenização a Hakamata. Ele recebeu um julgamento novo, o que é raro de se ver, e foi libertado da prisão em 2014, em meio a suspeitas de que os investigadores poderiam ter plantado as evidências que levaram à sua condenação.

Em setembro de 2024, centenas de pessoas foram até um tribunal em Shizuoka, onde um juiz decidiu pela absolvição. Iwao Hakamata não estava apto para comparecer à audiência em questão e foi dispensado de todas as outras por conta de seu estado mental. O japonês vivia sob os cuidados de sua irmã Hideko, de 91 anos. Hideko não desistiu de seu irmão, e lutou por décadas para limpar o nome de Iwao.

O caso aconteceu em 1966, enquanto Hakamata trabalhava em uma fábrica de processamento de misso, os corpos da família de seu chefe foi encontrada morta em um incêndio em casa. Todos os quatro foram esfaqueados. As autoridades o acusaram por assassinato, atear fogo na casa do chefe e roubar 200 mil ienes em dinheiro.

Hakamata negou todas as acusações, mas depois de passar por diversos interrogatórios que duravam até 12 horas, ele confessou forçadamente, confessando ter sido espancado para que acontecesse e em 1968, foi condenado à pena de morte. Embora ele tenha tido um novo julgamento em 2014, a burocracia do país prolongou o tempo estimado que fez com que começasse apenas em outubro do ano passado.

O caso ficou muito famoso e acabou levantando questionamentos ao sistema de justiça do Japão, incluindo o tempo levado para acontecer um novo julgamento.

Por: João Pena
Foto: Reprodução