Exposição em Niterói resgata memória da repressão no Brasil e marca 61 anos do golpe militar

A Secretaria Municipal das Culturas (SMC) inaugura em Niterói a exposição Rua da Relação, 40: testemunho material da violência de Estado, que resgata a memória da luta pela democracia no Brasil. Pela primeira vez na cidade, a mostra apresenta réplicas de arquivos históricos e documentos sobre prisões e torturas no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Rio de Janeiro. A abertura será no dia 31 de março, às 18h, no Centro de Artes UFF, onde ficará em cartaz até 30 de abril, das 9h às 21h, com entrada gratuita.

Niterói foi a primeira cidade do Brasil a criar uma Comissão Municipal da Verdade, logo após a criação da Comissão Nacional. A cidade sempre demonstrou grande resistência à ditadura militar. É fundamental que a cultura seja uma fonte de informação sobre os fatos, e é por isso que trazemos essa exposição. Vamos realizá-la no dia 31 de março, em descomemoração ao golpe, para que todos conheçam o que foi esse período triste da nossa história, para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça!“, destacou o secretário das Culturas, Leonardo Giordano.

A exposição marca os 61 anos do golpe militar no Brasil, que resultou na tomada do poder, subvertendo a ordem política, atacando a democracia e os direitos humanos e dando início à Ditadura Militar no país. Os visitantes poderão conhecer a história do Palácio da Polícia, sede do Dops da Guanabara, onde foram realizadas operações de repressão, perseguição política e tortura, especialmente durante a ditadura civil-militar. O edifício, construído no início do século XX, também abrigou órgãos policiais que promoveram perseguições a terreiros de religiões afro-brasileiras.

“Esse lugar acumula histórias e memórias sobre a violência de Estado em diferentes períodos e contra distintos alvos, e tem o potencial de ser um memorial e espaço de cultura e educação para a democracia, ressaltou a curadora, Fernanda Pradal.

Além da mostra, a programação inclui a exibição de filmes que aprofundam a reflexão sobre memória e direitos humanos. No dia 31, no Cine UFF, serão exibidos “Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, às 14h, “Ainda Estou Aqui, às 17h10 e “Eunice, Clarice, Thereza” às 20h, com a presença do diretor Joatan Vilela Berbel. Os ingressos custam R$ 5, a última sessão é gratuita.

“Para esta exposição, criamos um painel específico para mostrar a relação entre o prédio do DOPS e os espaços de prisão e tortura que haviam em Niterói, como a Fortaleza de Santa Cruz, o Centro de Armamento da Marinha, o Estádio Caio Martins, além do prédio do DOPS de Niterói.”, destacou Vera Schroeder, diretora da Fulô Cultural, co-realizadora da exposição, em parceria com o Coletivo RJ Memória, Verdade, Justiça e Reparação.

A exposição apresenta fotografias, recortes de jornal, vídeos e documentos oficiais que revelam diferentes faces da violência de Estado ao longo da história brasileira. Entre os materiais expostos, há registros sobre a prática racista das prisões, por vadiagem no pós-abolição, a repressão a organizadores de bailes soul nos anos 1970, relatos sobre o uso de uma jiboia para torturar presos políticos e comuns já em plena redemocratização, entre outras arbitrariedades cometidas contra os direitos humanos.

A exposição é uma realização da Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria Municipal das Culturas, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) com produção da Fulô Cultural.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: Divulgação