Alta no preço do cacau pode elevar custo do chocolate na Páscoa de 2024

Problemas climáticos na África, como estiagem e excesso de chuvas, além da falta de renovação das lavouras, fizeram o preço do cacau disparar, impactando diretamente o custo dos chocolates para a Páscoa de 2024. A produção de cacau no Brasil também sofreu queda, com expectativa de menos ovos de Páscoa no mercado e produtos mais caros para o consumidor.
A alta do cacau tem sido repassada aos poucos aos consumidores de chocolate. No último ano, o preço do chocolate em barra e do bombom subiu 16,53%, enquanto o chocolate e o pó achocolatado encareceram 12.49% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Dentre as preferências do brasileiro, o chocolate ao leite segue sendo o favorito, porém o mercado investe em novas combinações com frutas, amendoim, pistache, diversificando a gama de produtos, com diferentes intensidades de cacau e tamanhos”, informou nota da Abicab.
O cacau foi a commodity que mais encareceu no ano passado. Essa alta foi causada, principalmente, por problemas climáticos na África. Por causa do El Niño, o continente sofreu com estiagem, excesso de chuvas no momento errado, pragas e doenças, como a podridão parda, aponta Queiroz.
Ainda há um problema com as árvores da Costa do Marfim e de Gana, segundo maior produtor mundial, são velhas e não tiveram o investimento necessário para a renovação ao longo dos anos.
O Brasil é o sexto maior produtor do mundo de cacau, não passou ileso pelos problemas climáticos. O El Niño também afetou a safra nacional e colaborou na elevação dos preços. Segundo a presidente-executiva da AIPC, o Brasil também sofreu com pragas e doenças. Na Bahia, houve incidência da podridão parda. “Tem produtor que me contou que perdeu mais de 60% da produção”, relata.
As expectativas para 2025 mostram um possível aumento da produção mundial, com uma queda na demanda. Os dois fatores podem fazer com que o preço melhore. Contudo, a presidente-executiva diz que o mercado ainda é incerto e tudo depende da safra que está em andamento. Para Queiroz, analista da consultoria do Itaú BBA, a expectativa é de que a safra na África melhore, por conta do clima mais ameno.
Bernardes, da Esalq/USP, os preços tendem a cair quando a safra africana finalizar e chegar ao mercado, podendo alcançar 6 mil dólares a tonelada. Mas, chegando ao fim do ano, os preços recordes podem voltar.
Por: João Pena
Foto: Arquivo Portal Onbus