Kirsty Coventry eleita primeira mulher e africana presidente do COI

Kirsty Coventry foi eleita, nesta quinta-feira em Pilos, Grécia, a nova presidente do Comitê Olímpico Internacional, tornando-se a primeira mulher e a primeira africana a ocupar o cargo em 131 anos de história. A ex-nadadora do Zimbábue superou sete outros candidatos e assumirá a liderança da entidade após o término do mandato de Thomas Bach, em junho de 2025.
“A jovem que começou a nadar no Zimbabué há tantos anos poderia ter sonhado com este momento. Estou particularmente orgulhosa de ser a primeira mulher presidente do COI, e também a primeira da África. Espero que esta votação seja uma inspiração para muitas pessoas. Os tetos de vidro foram destruídos hoje, e estou plenamente consciente das minhas responsabilidades como modelo. O esporte tem um poder inigualável de unir, inspirar e criar oportunidades para todos, e estou comprometida em garantir que aproveitemos esse poder ao máximo. Junto com toda a família olímpica, incluindo nossos atletas, fãs e patrocinadores, construiremos sobre nossas bases fortes, abraçaremos a inovação e defenderemos os valores de amizade, excelência e respeito. O futuro do Movimento Olímpico é brilhante, e mal posso esperar para começar.”, disse Coventry.
Desde 1894, ano de criação, o COI teve presidentes homens, europeus ou norte americanos. Kirsty Coventry acabou com essa escrita, se tornando a primeira mulher a se tornar presidente do COI. O primeiro presidente foi Pierre Coubertin e comandou a entidade por 29 anos. O alemão Thomas Bach, que apoiou a campanha de Kirsty está no cargo desde 2013 e terminará seu mandato em 23 de junho, quando a transferência de cargo acontecerá.
“É um momento extraordinário. Quando eu era uma menina de nove anos de idade, não imaginava que eu estaria aqui um dia, conseguindo retribuir a esse movimento incrível. Não é apenas uma grande honra, como também é um lembrete do meu compromisso com todos vocês de liderar essa organização com muito orgulho e com os valores que espero deixar vocês confiantes da decisão que tomaram. Obrigado do fundo do meu coração. Agora temos muito trabalho juntos, e gostaria de agradecer aos candidatos. Foi uma campanha incrível. Isso nos tornou melhores e tornou nosso movimento mais forte. Eu sei, por todas as conversas que tive com cada um de vocês, o quão mais forte será o Movimento Olímpico quando voltarmos a ficar juntos e executarmos algumas das ideias que compartilhamos. Muito obrigado por este momento.”, disse a ex-nadadora em seu discurso de agradecimento aos demais membros do COI.
Os candidatos que concorreram contra Coventry foram Feisal Al Hussein, David Lappartient, Johan Eliasch, Juan Antonio Samaranch, Sebastian Coe e Morinari Watanabe. Kirsty recebeu 49 votos, número exato que precisava para vencer no primeiro turno. Samaranch foi o segundo colocado, e ficou com 28 votos. Coe ficou com o terceiro lugar, com 8 votos. O restante dos candidatos somaram 12 votos no total.
A nova presidente do COI terá de lidar com a instabilidade política do presidente norte americano, Donald Trump, já que os Estados Unidos será o próximo país sede dos Jogos Olímpicos de 2028. Samaranch vai precisar ser diplomática para proteger os valores olímpicos como a neutralidade e a inclusão universal. A elegibilidade de atletas transgênero e reintegração da Rússia, será outro tema a ser discutido.
A presidência do Comitê Olímpico Internacional, é definida em uma eleição para um mandato de 8 anos, com possibilidade máxima de 12 anos. O voto é secreto e 109 membros do COI podem fazer sua escolha para presidente, mas três membros se ausentaram da última votação; o argentino Gerardo Werthein, a chinesa Zhang Hong e o japonês Yasuhiro Yamashita. Tirando esses membros, o atual presidente, Thomas Bach, só votaria caso a votação terminasse empatada.
O Brasil teve dois representantes entre os votantes: Bernard Razjman, medalhista de prata no vôlei em 1984 e membro do COI desde 2013, e Andrew Parsons, atual presidente do Comitê Paralímpico Internacional.
Por: João Pena
Foto: COI