CCBB recebe mostra ‘Finca-pé: estórias da terra’, do artista brasiliense Antonio Obá

O Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) abrirá ao público, a partir desta quinta-feira (12), a mostra “Finca-pé: estórias da terra”, organizada pelo artista brasiliense Antonio Obá e curada por Fabiana Lopes. A mostra contém mais de 50 obras inéditas de Obá, que garantiu popularidade e renome dentro e fora do Brasil, expondo em Nova York, na China e na Europa.
A exposição engloba temas como ancestralidade, pertencimento e enraizamento, sob a ótica de pluralidade da palavra “terra”: planeta e chão. Nesse espaço, o artista nos convida a pensar em conceitos não óbvios de território e insere profundamente em suas obras, tanto nas esculturas quanto nas telas, a sua própria origem. Na construção da paleta de cores, por exemplo, Obá deixa evidente a influência do Cerrado e constrói essa sensação de alta temperatura imageticamente.
No centro do salão, a obra Ka’a pora, uma instalação formada por 24 esculturas de pés em bronze adornados com galhos e folhagens, inspira o espectador a pensar no retorno à terra, na ideia de fincar as raízes. Buscando “esticar os campos simbólicos”, Obá usa a expressão “fincar o pé”, que nomeia toda exposição, para evidenciar o jogo de palavras existente entre “pé” e “raiz”, como em “pé de jabuticaba”, pé de jaca”.
“Começou essa brincadeira a partir da palavra pé, então, bom, pensei, o pé pode ser também uma árvore, que ele está fincando pé, criando raízes. E a partir disso, as primeiras coisas tinham a ver com essa sensação e aí tem todo um pensamento que é desdobrado da experiência de observar o Cerrado, né?”, afirmou o artista.
O artista traça, ao longo de toda a mostra, um paralelo entre o ordinário e o profundo, tornado as ideia de trivialidade e simplicidade inerentes ao conceito de território, como a vida, a morte e a criação. A paleta de cores, por exemplo, é uma das tentativas de criar tensão entre o simples e o profundo.
“A paleta de Obá remete à memória de macerar o cascalho para dali tirar a cor da terra, é uma tentativa de emular a memória”, diz Fabiana.
Também colabora com a mostra o artista Marcos Siqueira, que constrói as cores de suas obras de maneira totalmente artesanal, extraindo da terra os pigmentos. Natural da Serra do Cipó, Marcos explora em seu universo a relação entre o trabalho e o descanso, evidenciando que sua intimidade com a terra, com o trabalho braçal nos rios, vem de sua infância.
“Era um momento de trabalho, mas também era um momento de diversão”, diz Marcos.
Envolvendo os visitantes numa atmosfera idílica, com cores suaves e leves, Marcos diz que sua relação com as cores é profundamente ligada com as paisagens presentes na sua vida.
“A questão das cores tem a ver com o lugar em que eu vivo. Então poder extrair essas cores de onde eu venho é muito importante para mim.”
A exposição estará disponível até 2 de junho.
Por: Ágatha Araújo
Fotos: Arquivo pessoal/Ágatha Araújo