Após quatro meses à deriva, maior iceberg do mundo encalha na Geórgia do Sul, ilha do Reino Unido

Após meses flutuando, o maior iceberg do mundo, chamado A23a, parece ter encalhado a mais de 70 quilômetros da Ilha Geórgia do Sul, um refúgio vital para a vida selvagem. A informação foi confirmada nesta terça-feira (04) pelo British Antarctic Survey (BAS), órgão encarregado de monitorá-lo.
Pesando quase 1 bilhão de toneladas e com uma área de 3.300 quilômetros quadrados —duas vezes a área da cidade de São Paulo—, o bloco estava se dirigindo desde dezembro para o norte da Antártida, impulsionado por poderosas correntes oceânicas. Ele se desprendeu da plataforma de gelo Filchner, na Antártida, em 1986, e depois permaneceu no fundo do mar no Mar de Weddell por mais de 30 anos. Em 2020, ele começou a flutuar com as correntes oceânicas, mas no final de 2024 ficou preso por meses girando em torno de uma montanha submarina.
Após se libertar completamente, os pesquisadores temeram que o A23a seguisse em direção à Geórgia do Sul e impedisse o acesso às áreas de alimentação de focas e pinguins que se reproduzem na ilha. Mas essas preocupações diminuíram, pois o iceberg parece estar encalhado na plataforma continental a cerca de 90 quilômetros da costa.
“Se o iceberg permanecer encalhado, não esperamos que afete significativamente a vida selvagem local da Geórgia do Sul”, disse Andrew Meijers, oceanógrafo do BAS, no comunicado.
Pelo contrário, sua chegada pode trazer alguns benefícios para a vida selvagem.
“Os nutrientes liberados pelo encalhe e pelo seu derretimento podem aumentar a disponibilidade de alimentos para todo o ecossistema regional, incluindo os carismáticos pinguins e focas”, diz.
O que se segue agora é a expectativa do A23a se fragmentar e derreter, embora isso provavelmente leve algum tempo, talvez anos.
“Agora que está encalhado, é ainda mais provável que se quebre devido ao aumento das tensões, mas isso é praticamente impossível de prever”, disse Meijers.
“Grandes icebergs já chegaram muito ao norte antes — um chegou a 1.000 quilômetros de Perth, na Austrália, uma vez —, mas todos inevitavelmente se fragmentam e derretem rapidamente depois.”
Por: Ágatha Araújo
Foto: Getty Images