Estudo aponta que estilo de vida influencia mais o envelhecimento do que a genética

Um estudo recente da Oxford Population Health revelou que fatores como estilo de vida e condições ambientais têm um impacto muito maior no envelhecimento e na saúde do que a genética. A pesquisa, publicada na revista Nature Medicine em 19 de fevereiro, analisou dados de quase meio milhão de participantes do UK Biobank, um banco de dados biológicos de longo prazo no Reino Unido.

A pesquisa avaliou 164 fatores ambientais e riscos genéticos para 22 doenças comuns associadas ao envelhecimento, e concluiu que os fatores ambientais explicam 17% da variação no risco de morte, enquanto a genética contribui com menos de 2%. Entre os fatores ambientais mais relevantes, destacam-se o tabagismo, a atividade física, o status socioeconômico e as condições de vida.

Os pesquisadores identificaram que o tabagismo estava relacionado a 21 doenças, enquanto fatores como renda familiar e emprego estavam associados a 19 condições. A falta de atividade física foi vinculada a 17 doenças. Além disso, o estudo mostrou que a exposição precoce a riscos, como o tabagismo durante a gravidez ou o sobrepeso na infância, pode afetar o envelhecimento e o risco de morte prematura por até 80 anos.

Cornelia van Duijn, professora de epidemiologia da Oxford e autora do estudo, destacou que a pesquisa evidencia a importância de mudar o comportamento individual e de implementar políticas públicas para reduzir o tabagismo, melhorar as condições socioeconômicas e incentivar a atividade física.

“Essas descobertas mostram que, embora os genes desempenhem um papel, o ambiente oferece grandes oportunidades para prevenir doenças crônicas e mortes precoces”, afirmou.

A pesquisa também usou uma medida inovadora de envelhecimento, com base nos níveis de proteínas no sangue, para correlacionar fatores ambientais com o envelhecimento biológico. Isso permitiu uma visão detalhada de como o estilo de vida pode acelerar o processo de envelhecimento e influenciar a mortalidade precoce.

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes para enfrentar os desafios de saúde pública, como doenças cardiovasculares e câncer, que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.

Por: Maria Clara Corrêa

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