Cuidados essenciais para treinar no calor: garantir hidratação e escolha de horários adequados
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Com a chegada do calor intenso, muitas pessoas procuram manter seu programa de atividades físicas ao ar livre. No entanto, a combinação de temperaturas elevadas e esforço físico intenso pode representar um obstáculo para o organismo humano.
A realização de exercícios físicos em dias quentes requer atenção especial, pois o calor intenso pode resultar em problemas sérios, como desidratação, sobrecarga do sistema cardiovascular e até mesmo lesões musculares. Especialistas advertem sobre os perigos e oferecem diretrizes de como proteger o corpo durante a prática de exercícios sob o calor.
O exercício intenso em ambientes quentes eleva o metabolismo, gerando mais calor, o que aumenta a temperatura do corpo. O organismo tenta dissipar esse calor por meio da sudorese, principal mecanismo de troca térmica. Porém, em ambientes com alta umidade, a evaporação do suor é ineficiente, dificultando a regulação da temperatura. Segundo Caio Senise, médico do esporte, quando a umidade supera 75%, o corpo tem dificuldade em se resfriar adequadamente, o que eleva o risco de complicações. Além disso, a desidratação aumenta o risco de lesões renais, hepáticas e até encefalopatia, afetando o sistema nervoso.
A falta de hidratação adequada agrava a troca de calor no corpo e aumenta os riscos de doenças relacionadas ao calor, como a rabdomiólise, uma lesão muscular grave que pode afetar também os rins.
Além disso, o calor extremo sobrecarrega o sistema cardiovascular. Swellen Schuenemann, cardiologista, explica que, durante o exercício em altas temperaturas, o fluxo sanguíneo para a pele aumenta para dissipar o calor, o que pode reduzir o retorno venoso ao coração, diminuindo sua eficiência. Como resposta, a frequência cardíaca sobe para garantir oxigênio e nutrientes aos músculos e órgãos. O aumento excessivo da frequência cardíaca e a diminuição da capacidade de exercício são sinais de sobrecarga cardíaca. Para quem tem doenças cardíacas ou hipertensão, o risco de complicações como arritmias é ainda maior.
Para reduzir os riscos associados ao calor, os especialistas destacam a importância de medidas preventivas. A hidratação constante é essencial para aliviar a sobrecarga térmica e cardiovascular. Segundo Senise, é importante se hidratar antes, durante e após a atividade física, usando não só água, mas também bebidas isotônicas para repor eletrólitos como sódio e potássio, ajudando a manter o volume sanguíneo e facilitando a circulação.
Além disso, é recomendada a escolha de horários adequados para a prática de atividades, como o início da manhã ou após o pôr do sol, quando as temperaturas são mais amenas. O uso de roupas leves e respiráveis também facilita a regulação da temperatura corporal.
Os médicos também ressaltam a importância da aclimatação ao calor. Para quem viaja para regiões quentes ou não está acostumado a altas temperaturas, esse processo pode levar de 10 a 14 dias, permitindo que o corpo ajuste a taxa de sudorese e a perda de eletrólitos, tornando o exercício mais seguro.
Apesar das precauções, o calor extremo pode ser extremamente perigoso. Senise alerta que, em temperaturas muito altas e com alta umidade, o exercício ao ar livre deve ser evitado, pois há risco elevado de complicações, como insolação e falência múltipla de órgãos.
Em relação ao sistema cardiovascular, a cardiologista destaca a importância da hidratação contínua e do monitoramento da frequência cardíaca. “Se houver aumento excessivo da frequência cardíaca ou sintomas de sobrecarga, é essencial interromper a atividade, procurar um ambiente fresco, reidratar e, se necessário, buscar atendimento médico”, conclui.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Reprodução