Calor extremo afeta saúde mental dos moradores do Rio de Janeiro

A Inmet na Marambaia registrou 41,3°C ao meio dia deste segunda-feira (17). Sendo um dos dias mais quentes deste verão de 2025 na cidade do Rio de Janeiro. A sensação térmica era de 42°C. O Rio entrou no nível 4 (NC4), patamar inédito na escala que vai até 5 para alertar sobre temperaturas extremas.

Todo esse calor impacta na saúde física e mental dos moradores da cidade. Márcia Magalhães, comerciante de 54 anos, moradora de Irajá (bairro que registrou 41,8°C em fevereiro de 2023), conta que por conta das altas temperaturas está deixando de fazer atividades comuns em sua rotina e isso acarretou em aumento da ansiedade e do estresse.

“Eu sempre fiz caminhadas pela manhã antes de começar meu dia de trabalho. Nos últimos meses, eu não estou conseguindo porque mesmo cedo já está muito quente. Minha ansiedade está muito mais alta, tenho tido crises, vivo estressada”.

O motorista Roberto Freitas, de 60 anos, também morador de Irajá, contou à reportagem do DIÁRIO DO RIO que “estou hipertenso e o médico me falou que foi consequência de ansiedade. Não dá para dormir direito nesse calor. Eu não tenho condições de manter um ar-condicionado em casa no momento, então, tenho perdido muitas noites de sono nesses dias quentes demais”

Especialistas apontam que o isolamento resultante dessas limitações devido ao calor extremo pode contribuir para o desenvolvimento de quadros depressivos. Além disso, a interrupção no sono, com o desconforto gerado pelas altas temperaturas, pode afetar o humor e aumentar os níveis de ansiedade. A falta de sono reparador também reduz a disposição para realizar atividades diárias, criando um ciclo vicioso de cansaço e desânimo.

“O calor excessivo desencadeia uma resposta fisiológica de estresse no corpo, ativando o sistema nervoso simpático e gerando sintomas como aumento da frequência cardíaca e suor. Esses sintomas físicos podem ser percebidos como uma ameaça, levando a um ciclo de pensamentos ansiosos e desconforto emocional. O modelo cognitivo da psicologia sugere que a maneira como interpretamos essas sensações físicas pode afetar profundamente nossas emoções e comportamentos, criando um cenário de ansiedade e desconforto“, afirma o psicólogo Vitor Friary, que completou em seguida:

“As altas temperaturas que estamos experimentando recentemente não são apenas um desafio para o corpo, mas também para a mente. A conscientização sobre os efeitos do calor extremo na saúde mental é essencial para que as pessoas possam adotar estratégias de enfrentamento eficazes. Além disso, é importante que os profissionais da saúde mental reconheçam a relação entre os fatores ambientais e o bem-estar emocional, para que possam oferecer apoio adequado àqueles que estão lidando com os impactos psicológicos do calor excessivo“.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os governos devem considerar o bem-estar emocional como prioridade em planos de ação climática. Neste domingo, 16/02, a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro emitiu um comunicado com recomendações para os dias de calor extremo.

Entre as medidas anunciadas pelo prefeito Eduardo Paes estão a abertura de 58 pontos de resfriamento, parada para hidratação de funcionários que trabalham expostos ao sol e preparação da rede de saúde municipal para o aumento de atendimentos de casos decorrentes das altas temperaturas. A Prefeitura também recomendou o aumento da ingestão de água, uso de roupas leves e não exposição direta ao sol nos horários de pico de calor.

“A ciência hoje nos permite ter um grau maior de previsibilidade e entender os efeitos nocivos desse excesso de calor na saúde das pessoas. Além dos riscos que isso pode ocasionar, podendo levar até a morte. A gente quer que saia todo mundo de casa feliz, curtindo a nossa cidade. Não é à toa que o Rio é a cidade dos espaços públicos, das praias. Isso nos orgulha, faz parte da nossa cidade, e não vai mudar, mas há uma situação de mais calor. Então, temos uma previsão de muito calor, muito sol, e, por consequência, os riscos aumentam“, disse Paes.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: Reprodução Internet