Trump impõe tarifas a aliados, mas Brasil pode escapar, diz economista

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou medidas protecionistas com tarifas para México, Canadá e China, justificando-as como resposta ao tráfico de drogas, como o fentanil, e à imigração ilegal. Especialistas, no entanto, avaliam que o foco real da Casa Branca é reduzir o déficit comercial e conter a imigração, temas centrais da agenda de Trump.

Para Gary Hufbauer, do Peterson Institute for International Economics, o Brasil deve ter um alívio temporário.

“O Brasil não seria uma preocupação para Trump. Provavelmente não seria afetado no curto prazo”, afirmou.

Em 2022, o país registrou um déficit comercial modesto de US$ 253 milhões com os EUA, um valor insignificante comparado aos US$ 55 bilhões do Canadá.

Apesar disso, o governo brasileiro está em alerta. Integrantes da diplomacia avaliam possíveis retaliações caso o Brasil seja alvo de tarifas, como mencionado pelo ex-presidente Lula. No entanto, as opções são limitadas devido à participação do país no Mercosul e à Tarifa Externa Comum (TEC). Uma alternativa seria a “Letec”, lista de exceções que permite sobretaxar até 100 produtos, com teto de 35%.

José Alfredo Graça Lima, diplomata e vice-presidente do Cebri, explica que alterações tarifárias no Brasil não precisam de aprovação do Congresso, mas dependem do Ministério da Fazenda e do MDIC. Ele também destaca que processos na Organização Mundial do Comércio (OMC) podem levar até dois anos, com possibilidade de recursos prolongando ainda mais as disputas.

Enquanto o Brasil observa os desdobramentos, especialistas alertam que as medidas de Trump podem apenas deslocar o déficit comercial para outros países, sem resolver o problema de fundo. A economia brasileira, embora não seja prioridade na lista de tarifas, pode sofrer impactos indiretos, especialmente em setores dependentes de insumos americanos.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo Onbus