Idafro pede veto a shows de Claudia Leitte no Carnaval de Salvador

O Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afrobrasileiras (Idafro) protocolou uma ação no Ministério Público da Bahia (MP-BA) recomendando que o Estado e a Prefeitura de Salvador não contratem a cantora Claudia Leitte, 44, para eventos públicos. O pedido se baseia em uma denúncia de suposta intolerância religiosa envolvendo a música “Caranguejo”, em que a artista substituiu o nome da entidade Iemanjá, cultuada em religiões de matriz africana, por “Meu rei Yeshua”, referência a Jesus.

A ação cita o artigo 4º da Constituição Federal, que proíbe discriminação racial e religiosa.

“O financiamento de eventos com dinheiro público não pode beneficiar quem está sendo investigado por práticas de intolerância”, afirmou Hédio Silva Jr., coordenador-executivo do Idafro.

O documento também é assinado por Iyalorixá Jaciara Ribeiro e argumenta que a contratação de shows que promovam discriminação deve ser vetada.

A polêmica ganhou novos contornos após dois dos quatro compositores da música, Durval Luz e Nino Balla, alegarem na Justiça que não autorizaram a mudança na letra. Já Luciano Pinto e Alan Moraes, os outros autores, afirmaram ter sido consultados e concordado com a alteração. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) informou ao MP-BA que a última modificação no registro da música ocorreu em 2016, sem alterações na letra.

Claudia Leitte, que já se pronunciou sobre o caso, destacou a seriedade do tema durante uma coletiva em dezembro:

“O racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”

O MP-BA agora avalia a pertinência da recomendação e pode pedir à Justiça que investigue o caso e determine se a cantora ficará impedida de se apresentar em eventos públicos na Bahia.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução