Defesa de Bolsonaro critica divulgação de depoimento de Mauro Cid: ‘Vazamentos seletivos’

A equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a divulgação da delação do tenente-coronel Mauro Cid, revelada neste domingo (26).

Em nota divulgada à imprensa, os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Vilardi destacaram que, apesar do que chamaram de “vazamentos seletivos”, a defesa não tem acesso à íntegra da colaboração.

O colunista responsável pelo vazamento, Elio Gaspari, revelou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro fez mais de dez depoimentos, e cita o primeiro feito pelo ex-ajudante, em agosto de 2023, com seis páginas e mais de 20 pessoas mencionadas. Neste, Cid detalhou os grupos que atuavam no entorno do ex-presidente após a derrota nas urnas em 2022, parte deles envolvidos na tentativa de golpe.

“Investigações ‘semissecretas’, em que às defesas é dado acesso seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova, são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, que nosso ordenamento busca preservar”, afirmaram os advogados no domingo.

Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas foram indiciados em novembro de 2024 pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. De acordo com a corporação, uma “organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder” foi identificada pelo órgão.

Por meio de nota, a defesa de Bolsonaro “manifesta sua indignação diante de novos ‘vazamentos seletivos’, assim como seu inconformismo diante do fato de que, enquanto lhe é sonegado acesso legal à integralidade da referida colaboração, seu conteúdo, por outro lado, veio e continua sendo repetidamente publicizado em veículos de comunicação”.

Por: Ágatha Araújo

Foto: Flickr