Polícias do Rio e do Rio Grande do Sul investigam esquema de revenda de carne submersa em enchente
As polícias do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul estão investigando onde foram parar as 800 toneladas de carne estragada revendidas para consumo humano. O esquema começou há 8 meses, durante a tragédia no Rio Grande do Sul. Assim que a água baixou, um frigorífico de Canoas, cidade próxima a Porto Alegre, vendeu 800 toneladas de carne que tinham ficado dias debaixo d’água para a Tem Di Tudo Salvados, uma empresa de Três Rios, no Centro-Sul Fluminense.
A empresa, que tinha autorização para reaproveitar produtos para revenda, alegou que os produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal. Mas, de acordo com a investigação, não foi isso o que aconteceu – e a descoberta foi por acaso. Veja o esquema. Segundo a polícia, a Tem Di Tudo comprou do Sul, revendeu para uma empresa de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que por sua vez, vendeu para uma empresa de Minas Gerais, que ofereceu a carne de volta ao frigorífico de Canoas. A empresa identificou, pela numeração do lote na embalagem, que aquela era a carne vendida para virar ração e avisou a polícia.
Os produtos eram “maquiadas” para dar a impressão de que estavam bom para consumo humano e assim, o esquema fez um lucro de 1000%.
“Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, declarou o delegado Wellington Vieira.
“A gente está contando com a boa fé dos empresários que tenham adquirido essa carne da empresa Tem Di Tudo para que as pessoas procurem as delegacias de polícia. Em cada estado do Brasil existe uma delegacia do consumidor, que é a delegacia que está apta a receber essa denúncia”.
Nesta quarta-feira (22), quatro pessoas envolvidas no esquema foram presas, entre elas um dos donos da empresa, Almir Jorge Luís da Silva. Os investigados podem responder pelos crimes de de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
Por: Ágatha Araújo
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