Nasa planeja retornar amostras de Marte para terra com novas estratégias mais baratas e ágeis
A Nasa está analisando duas novas abordagens para retornar amostras de Marte à Terra até a década de 2030. O objetivo é simplificar e reduzir os custos do programa Mars Sample Return, elaborado em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA). O plano original, considerado complexo, foi estimado em até US$ 11 bilhões (R$ 67,4 bilhões) por um comitê independente.
As novas opções, que devem ser escolhidas até o segundo semestre de 2026, têm custos estimados entre US$ 5,5 bilhões e US$ 7,7 bilhões e podem antecipar o retorno das amostras para 2035 ou 2039. Ambas as propostas envolvem o envio de espaçonaves para coletar as amostras colhidas pelo rover Perseverance, que desde 2021 explora a Cratera Jezero, um antigo lago marciano.
Duas estratégias de pouso
As propostas se diferenciam principalmente na tecnologia de pouso. A primeira utiliza o sistema sky crane, que já pousou os rovers Curiosity e Perseverance. Esse método combina escudo térmico, paraquedas, retrofoguetes e um guindaste para baixar o rover na superfície. A segunda aposta em tecnologias comerciais, como as desenvolvidas pela SpaceX e Blue Origin, para criar um módulo de pouso mais robusto.
Independentemente da estratégia escolhida, o processo inclui pousar um veículo de ascensão marciana, carregar as amostras, lançá-las à órbita de Marte e transferi-las ao Earth Return Orbiter da ESA, que as trará de volta à Terra. A cápsula contendo os materiais será liberada na atmosfera terrestre, seguindo um procedimento similar ao da missão OSIRIS-REX, que trouxe amostras do asteroide Bennu.
Simplicidade e inovação
Entre as mudanças no projeto original, a Nasa optou por um retorno direto das amostras à Terra, eliminando uma etapa intermediária que previa colocá-las em órbita lunar. O veículo que pousará em Marte será menor que o inicialmente planejado, e os painéis solares serão substituídos por um sistema capaz de operar durante tempestades de poeira.
Os engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) se dedicarão aos testes de viabilidade e desafios técnicos das opções, como o desenvolvimento de um guindaste maior e um veículo de ascensão capaz de resistir ao pouso e ao lançamento em Marte.
Impacto científico e competição internacional
O programa Mars Sample Return promete respostas importantes sobre a geologia, o clima e a possível existência de vida em Marte, além de abrir caminho para futuras missões humanas ao planeta vermelho.
A missão também se insere em um contexto de corrida espacial. A China planeja lançar sua missão Tianwen-3 para coleta de amostras em 2028, com retorno previsto para 2031. “Não queremos que o único retorno de amostras venha da China”, afirmou Bill Nelson, administrador da Nasa.
Apesar dos desafios técnicos e orçamentários, a Nasa está confiante de que conseguirá trazer as amostras antes de 2040, mantendo o custo abaixo de US$ 11 bilhões. “Essas amostras têm o potencial de mudar como entendemos Marte, o universo e a nós mesmos”, concluiu Nelson.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Reprodução