Projeção climática para 2025: mais calor, menos chuva, seca intensificada e eventos extremos

O ano de 2024 foi marcado por um clima extremo no Brasil, com a pior seca da história recente, incêndios devastadores e chuvas intensas no Rio Grande do Sul, que causaram centenas de mortes. Além disso, o país registrou o ano mais quente já registrado, com o planeta 1,5°C mais quente que a média pré-industrial, de acordo com o observatório Copernicus.

Para 2025, as previsões não são animadoras. De acordo com o Met Office, 2025 deve ser um dos três anos mais quentes já registrados, com temperaturas acima da média em todo o país. Espera-se também uma seca persistente, agravada pela falta de chuva e pelo calor extremo. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o programa Copernicus apontam que o cenário de mudanças climáticas será mais severo, com os oceanos ainda aquecidos e uma seca em muitas regiões.

A escassez de chuvas deve continuar afetando especialmente a região central do Brasil, que enfrenta a estiagem desde junho de 2023.

“Ainda não sabemos quando a seca vai terminar, pois o déficit de chuvas é muito grande”, explica o pesquisador Luis Marcelo Zeri, do Cemaden.

Em relação aos desastres, como os que ocorreram no Rio Grande do Sul, os especialistas alertam que a crescente temperatura dos oceanos favorece eventos climáticos extremos, como chuvas mais intensas e de curta duração.

“O risco de desastres é crescente, e estamos vendo um padrão climático cada vez mais imprevisível”, afirma Karina Bruno Lima, doutoranda em Climatologia pela UFRGS.

O governo e especialistas reconhecem que a adaptação das cidades é essencial para minimizar os danos causados por esses desastres, como ficou evidente no Rio Grande do Sul, onde muitas cidades não tinham estrutura adequada para enfrentar a tragédia.

A transição energética e a revisão das metas climáticas serão essenciais para mitigar esses impactos, especialmente com a Conferência do Clima da ONU prevista para ocorrer em Belém, no Pará, ainda em 2025.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Bianca Canada da Silva/Ato Press/Estadão Conteúdo