Brasil volta a ser país de classe média com crescimento de renda e ascensão nas camadas sociais

Após quase uma década, o Brasil voltou a ser majoritariamente um país de classe média. De acordo com um levantamento da Tendências Consultoria, obtido pelo GLOBO, 50,1% dos lares brasileiros estão agora na classe C ou acima, com renda domiciliar superior a R$ 3,4 mil. Este patamar não era alcançado desde 2015, quando o índice chegou a 51%.

O estudo destaca a melhora no mercado de trabalho como fator determinante para essa mobilidade social. A economista Camila Saito explica que, desde 2023, houve uma migração significativa de famílias das classes D e E para a classe C, reflexo da retomada econômica e do aumento real do salário mínimo nos últimos dois anos:

“A valorização salarial impulsionou o desempenho dessas classes em relação às demais”, afirmou.

A classe C, com rendimentos entre R$ 3,5 mil e R$ 8,1 mil, liderou o crescimento de renda em 2024, com alta de 9,5%. Já na classe B, com rendimentos de até R$ 25 mil, o avanço foi de 8,7%. O desemprego, por sua vez, caiu ao menor nível histórico, alcançando 6,1% no fim do ano passado.

Bruna Taboada, dentista de 23 anos, viu sua família, de Petrópolis, consolidar-se na classe B. Após sua formatura, ela passou a contribuir significativamente para o orçamento familiar, que ultrapassou R$ 20 mil mensais.

“Hoje, meus pais viajam mais e vão a restaurantes, algo que antes era raro”, conta Bruna.

Apesar dos avanços, especialistas alertam para desafios futuros. Segundo o economista Marcelo Neri, da FGV Social, a desigualdade de renda começou a cair em 2024, mas a mobilidade social ainda enfrenta barreiras estruturais, como baixa remuneração e informalidade. Já Paulo Tafner, do Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, reforça a necessidade de investir na qualidade da educação para sustentar ganhos a longo prazo.

“Sem melhorias no capital humano, os avanços sociais podem ser temporários”, conclui.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus