Crimes digitais crescem 45% em 2024: inteligência artificial e golpes bancários impulsionam fraudes bilionárias no Brasil

O número de crimes digitais registrados em 2024 cresceu 45% em relação ao ano anterior, totalizando cerca de 5 milhões de fraudes. Segundo estatísticas oficiais, uma em cada quatro pessoas no Brasil foi alvo de tentativas de golpes, e quase metade dessas acabou sendo vítima. Esses dados fazem parte de um levantamento realizado pela Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).

O presidente da associação, Francisco Gomes Júnior, especialista em direito digital e cibersegurança, destacou que os números definitivos sobre os golpes em 2024 serão divulgados nos três primeiros meses de 2025. “Atualmente, contamos com uma amostra confiável que permite realizar as primeiras análises e balanços do ano de 2024, considerando dados oficiais do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e outras consultorias. Esses números mostram um aumento de quase 50% nos golpes registrados neste período”, explicou.

As fraudes mais comuns continuam sendo golpes bancários, phishing – que vem se tornando cada vez mais sofisticado – e golpes baseados em engenharia social, nos quais os criminosos manipulam as vítimas para que tomem atitudes que resultem em prejuízos financeiros.

“De certo modo, o aumento no número de golpes era previsível, pois o crime organizado tem migrado progressivamente para essas práticas. As organizações criminosas perceberam que esse tipo de atividade exige menos investimento do que, por exemplo, um grande assalto a banco, além de oferecer riscos significativamente menores de prisão ou fatalidades”, explica Francisco Gomes Júnior, presidente da ADDP.

Ele também destacou o aperfeiçoamento dos golpes com o uso de inteligência artificial, que permite simular com precisão a voz e até a imagem de pessoas, tornando os pedidos fraudulentos ainda mais convincentes. “O prejuízo financeiro certamente é bilionário, e em breve teremos números mais exatos. Golpes envolvendo o Pix, falsos contatos bancários e crimes combinados com o roubo de celulares desbloqueados tiveram um papel crucial nesse aumento”, complementa.

Gomes Júnior reforça a importância de as vítimas denunciarem os golpes às autoridades competentes, como órgãos de defesa do consumidor, e registrarem boletins de ocorrência. “Essas medidas são essenciais para obtermos dados mais precisos e compreendermos melhor o modo de atuação dos criminosos. Todo cuidado é pouco”, alerta.

Por: Carolina Sepúlveda 

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