Reduzir consumo de álcool: especialistas recomendam anotar ingestão para controlar uso em festas e prevenir problemas de saúde
As comemorações de final de ano chegaram, trazendo com elas várias oportunidades de consumir bebidas alcoólicas, especialmente no período do Réveillon. Todos estão cientes de que o consumo excessivo de álcool é prejudicial, mas qual é o limite? É mais vantajoso consumir muito em um dia e não consumir no restante da semana, ou balancear as bebidas? Quais são os indícios de que uma pessoa enfrenta problemas relacionados à bebida? E o que as pessoas que desejam restringir o consumo de álcool durante as celebrações devem fazer?
O consumo excessivo de álcool é uma ameaça significativa à saúde, associado a uma série de doenças crônicas, como doenças cardíacas, câncer e morte precoce. De acordo com a Dra. Leana Wen, médica e especialista em saúde pública, pesquisas demonstram que o álcool é um fator de risco importante para diversas condições de saúde. Nos Estados Unidos, a doença hepática associada ao álcool é a principal causa de transplantes de fígado, e estima-se que o consumo excessivo de álcool provoque cerca de 178.000 mortes anuais. Durante o auge da pandemia de Covid-19, o uso excessivo de álcool resultou em uma média de 488 mortes por dia, destacando ainda mais a gravidade do problema.
As Diretrizes Alimentares dos EUA fornecem uma definição clara sobre o que é considerado consumo excessivo. Segundo essas diretrizes, para adultos em idade legal para beber, o consumo não deve ultrapassar uma dose por dia para mulheres e duas doses por dia para homens, nos dias em que estiverem bebendo. Além disso, as diretrizes ressaltam que consumir menos álcool é sempre mais benéfico do que beber mais, e que aqueles que não bebem não devem iniciar o consumo. A Dra. Wen alerta que qualquer consumo regular acima dessas quantidades aumenta significativamente o risco de doenças crônicas e morte prematura.
O consumo excessivo de álcool, definido pela Administração de Serviços de Abuso de Substâncias e Saúde Mental, envolve a ingestão de grandes quantidades em uma única ocasião, sendo caracterizado por quatro ou mais doses para mulheres e cinco ou mais doses para homens. A Dra. Leana Wen, especialista em saúde pública, alerta que essa prática traz riscos adicionais à saúde, pois envolve dois conjuntos de perigos: o estresse excessivo nos órgãos devido à grande quantidade de álcool consumido e o aumento do risco de lesões, como quedas, afogamentos e acidentes de carro.
Em relação à forma como o álcool deve ser consumido, a Dra. Wen destaca que beber uma grande quantidade em um único dia, mesmo que não haja consumo durante o restante da semana, pode resultar em consumo excessivo e seus riscos associados. Ela reforça que distribuir a ingestão de álcool ao longo da semana é uma abordagem mais saudável, já que minimiza esses riscos.
A abstinência temporária, como em desafios como o Janeiro Seco ou Outubro Sóbrio, também pode trazer benefícios significativos para aqueles que bebem regularmente. A Dra. Wen explica que, ao reduzir ou parar de consumir álcool por um período, as pessoas podem avaliar melhor seus hábitos e perceber os efeitos positivos, como uma melhora no sono e até perda de peso.
Porém, a especialista alerta que o consumo excessivo recorrente pode levar a sérios problemas de saúde. Ela lembra que o transtorno do uso de álcool, que afeta cerca de 29 milhões de adultos nos Estados Unidos, é uma condição comum e deve ser reconhecida, especialmente em casos de consumo regular acima dos limites recomendados ou de consumo excessivo em uma única ocasião.
O transtorno por uso de substâncias, especialmente o transtorno por uso de álcool, é caracterizado pela perda de controle sobre o consumo. Indivíduos com essa condição frequentemente têm dificuldades para parar de beber uma vez que começam e sentem desejos fortes que sentem necessidade de satisfazer. Muitas pessoas com esse transtorno enfrentam problemas em cumprir responsabilidades cotidianas, como no trabalho ou em casa, devido ao uso excessivo de álcool. Além disso, quando tentam parar, podem sofrer sintomas físicos como inquietação, sudorese e náusea intensa.
Para aqueles que buscam reduzir o consumo de álcool, especialmente durante festas, a Dra. Leana Wen sugere começar estabelecendo metas pessoais claras. O objetivo é evitar totalmente o álcool, reduzir o consumo ao longo do tempo ou evitar o consumo excessivo em uma única ocasião. A abordagem varia conforme o objetivo. Para quem deseja evitar o álcool completamente, ela recomenda procurar ambientes sociais onde bebidas alcoólicas não sejam servidas. Se for necessário participar de eventos onde o álcool está presente, é aconselhável informar amigos ou familiares sobre o objetivo e perguntar se há opções de bebidas não alcoólicas disponíveis, ou até mesmo levar as suas próprias.
Além disso, para aqueles que querem reduzir o número de bebidas semanais, a Dra. Wen sugere registrar o consumo, seja por meio de aplicativos ou anotações manuais, para acompanhar os limites estabelecidos. Se perceber que está prestes a ultrapassar a meta, pode se esforçar para reduzir o consumo nos dias seguintes, como no fim de semana. Planejar com antecedência também é uma boa estratégia, como reduzir o consumo antes de eventos onde se sabe que o álcool será servido.
Para quem deseja parar com o consumo excessivo, a Dra. Wen destaca que as mesmas estratégias de monitoramento e planejamento também se aplicam. Além disso, identificar os gatilhos que levam ao consumo excessivo é crucial. Se as festas específicas forem um gatilho, talvez seja útil evitá-las ou ir com o objetivo de consumir menos. Caso o consumo excessivo esteja relacionado a questões emocionais, como depressão ou ansiedade, buscar ajuda de um profissional de saúde mental pode ser uma alternativa eficaz para lidar com as causas subjacentes.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: reprodução