Justiça dos EUA condena empresa israelense por espionar 1.400 usuários do WhatsApp

Na última sexta-feira (20), a Justiça dos Estados Unidos condenou a empresa israelense NSO Group por explorar uma vulnerabilidade no WhatsApp para instalar o programa espião Pegasus em celulares de usuários. O processo foi movido em 2019 pela Meta (então Facebook), que acusou a NSO de invadir seus servidores e monitorar ilegalmente 1.400 pessoas. Segundo o WhatsApp, o Pegasus foi instalado por meio de chamadas de vídeo, sem a necessidade de atender a ligação. A falha foi corrigida em maio de 2019, com um alerta para que os usuários atualizassem o aplicativo.

O julgamento é considerado um marco para a segurança digital. O presidente do WhatsApp, Will Cathcart, comemorou a decisão, dizendo que a condenação “é uma vitória para a privacidade”. Ele enfatizou que empresas de espionagem não devem ficar impunes por suas ações ilegais. Para John Scott-Railton, do Citizen Lab, o julgamento tem “implicações enormes para a indústria da espionagem”, que até então se isentava de responsabilidade pelos danos causados.

O Pegasus, que ficou famoso por ser utilizado para invadir o celular de Jeff Bezos em 2020, também foi alvo de investigação em 2021, quando uma lista de 50 mil números de jornalistas, ativistas e líderes políticos foi divulgada, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron. A lista, obtida por organizações como Anistia Internacional e Forbidden Stories, revelou o uso do programa para monitorar pessoas em diversos países, incluindo o Brasil.

A NSO, que sempre defendeu que o Pegasus é usado apenas por governos para combater o terrorismo, ainda enfrenta outro processo movido pela Apple.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus