Estudo alerta para epidemia global de acidentes com patinetes elétricos

Após alguns anos indisponíveis, as patinetes elétricos de aluguel retornam às ruas de São Paulo. A cidade se junta a outras metrópoles ao liberar esse meio de transporte, mas a decisão ocorre em meio a uma crescente preocupação com os acidentes. Um estudo recente publicado na revista médica Injury Prevention apontou que o número de feridos em quedas de patinetes nos EUA triplicou desde 2019, quando as “e-scooters” começaram a ser compartilhadas em várias cidades.

O levantamento liderado pelo epidemiologista Edwin Akomaning, da Universidade Estadual de Dakota do Norte, analisou dados hospitalares de 3.700 pacientes atendidos em prontos-socorros nos EUA entre 2019 e 2023, com registros de acidentes envolvendo patinetes elétricos. A partir disso, Akomaning estimou que cerca de 280 mil acidentes com e-scooters ocorreram no país durante esse período. Um dado alarmante é que 9% dos acidentes envolveram usuários que estavam sob efeito de álcool.

O estudo também levantou acidentes com bicicletas elétricas, mas essas se mostraram mais seguras que os patinetes, representando apenas 8% do total de acidentes com esses dois modos de transporte individual. 

“O tamanho menor das rodas das patinetes elétricas, comparado ao das bicicletas, provavelmente contribui para um maior risco de perda de equilíbrio seguido de quedas e ferimentos”, escreveu o pesquisador.

Uma das principais preocupações dos estudos que têm sido publicados é entender qual é o perfil de lesão que os acidentados com patinetes elétricos apresentam nos pronto-socorros. Um trabalho publicado em março por pesquisadores italianos do Hospital Niguarda de Milão levantou dados sobre mais 5.000 pacientes em estudos diversos para entender esse padrão. 

Por conta da profusão de relatos como este, algumas grandes cidades do mundo já estão criando regras de segurança especiais para uso de patinetes. Em Queensland, Austrália, a implementação de regras mais rígidas para patinetes elétricos, como limite de velocidade de 25 km/h e proibição em vias com limite acima de 50 km/h, não reduziu os acidentes, que aumentaram de 162 para 217 em seis meses. O estudo, liderado pelo radiologista Nicholas Watson, mostrou que prevenir acidentes pode ser mais difícil do que o esperado. Em resposta, Melbourne proibiu o uso de patinetes no centro financeiro em 2024. Em São Paulo, as patinetes voltam com regras ainda mais restritivas, como limite de 20 km/h, para tentar evitar problemas semelhantes.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: reprodução