PF rastreia origem de dinheiro entregue por Braga Netto para financiar plano de golpe

Após a prisão preventiva do general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, ser decretada, a Polícia Federal passou a investigar a origem do dinheiro obtido pelo tenente-coronel Mauro Cid pelas mãos de Netto para supostamente viabilizar as ações clandestinas.

Chamada de operação “Punhal verde e amarelo”, a ação golpista visava o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin. Braga Netto nega participação na articulação, bem como tentativas de obstruir a investigação.

Segundo a delação de Cid e informações da PF, o dinheiro transportado por Braga Netto e entregue ao major Rafael de Oliveira teria sido usado ao menos para comprar o celular utilizado na organização de crimes. Cid relatou ainda que os recursos que passaram nas mãos de Braga Netto teriam sido levantados junto ao “pessoal do agronegócio”. Os investigadores identificaram que, nas semanas seguintes, o major usou dinheiro em espécie.

De acordo com as investigações, o montante transportado por Braga Netto em “uma sacola de vinho” e entregue ao major Rafael de Oliveira foi usado para a compra de um celular em dinheiro vivo, depois utilizado por integrantes das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”.
“Há fortes indícios e substanciais provas de que, no contexto da organização criminosa, o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado, cuja consumação presumia, na visão dos investigados, a detenção ilegal e possível execução o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas eleições de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin e, eventualmente, as prisões de pessoas que pudessem oferecer qualquer resistência institucional à empreitada golpista”, escreveu o Ministro Alexandre de Moraes.
Após a prisão, a defesa do general informou que “se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos” e que irá “comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”.
Por: Ágatha Araújo
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