Câmeras corporais da PM do RJ expõem invasões de domicílio por policiais

As câmeras corporais da Polícia Militar do Rio de Janeiro revelam um problema recorrente nas comunidades: invasões de domicílio sem mandado judicial. Maria Julia Miranda, da Defensoria Pública, questiona a eficácia da lei que só permite entrada com ordem judicial:

“O que a gente faz diante de um fuzil?”

A série “Lente de Aumento” da GloboNews destaca que desde 2022, todas as ações dos policiais são gravadas. Os equipamentos registram tanto desvios de conduta quanto possíveis crimes. Em janeiro de 2023, por exemplo, policiais em Nova Friburgo, sem ordem judicial, interrogaram moradoras na frente de crianças.

“Já foi presa alguma vez? Você usa drogas?”, indaga um PM a uma mulher que nega as acusações.

Maria Julia menciona relatos de mulheres acordadas com policiais na porta, expostas em suas camisolas. Imagens mostram PMs usando chaves-mestras para abrir portões, sem consentimento dos moradores, em locais como a Favela do Jacarezinho e o Morro do Buraco do Boi, em Niterói.

O ministro Rogério Schietti, do STJ, ressalta:

“Não se pode, em nome de punir um culpado, sacrificar o direito de várias pessoas sem um fundamento concreto para legitimar a ação policial”

Em resposta, a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM, afirmou que a invasão de domicílio é “algo inaceitável” e que policiais responsáveis por tais atos serão responsabilizados, principalmente com a ajuda das imagens capturadas pelas câmeras.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução/TV Globo