Câmeras corporais da Polícia Militar do RJ flagram abusos, desvios e recusas de propina
O programa Fantástico revelou neste domingo (1º) imagens exclusivas das câmeras corporais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação. As gravações, que capturam abusos cometidos por policiais, também mostram cenas de agentes recusando propina e os riscos da profissão, com registros de assassinatos de policiais.
Em uma das imagens, um PM atira nas costas de um suspeito rendido na Zona Norte do Rio, durante uma perseguição a supostos assaltantes. Após o crime, os policiais combinam uma versão para ser apresentada à delegacia.
“O senhor não mirou nele, o senhor mirou no veículo”, diz um dos agentes.
A Defensoria Pública pediu investigação, e a Justiça determinou que o Ministério Público e a Corregedoria da PM apurassem a conduta dos policiais.
Outro registro mostra o trágico momento da morte do sargento Gabriel Leite Fernandes, que foi baleado durante uma operação em Itaboraí. Gabriel, de 33 anos, morreu após ser atingido por traficantes. O acusado de seu homicídio foi preso, mas ainda não foi julgado.
A reportagem também revela um policial que recusa propina em Copacabana, dizendo:
“Sou polícia, irmão. Não sou vagabundo, não. Não aceito arrego de ninguém, não”
Embora as câmeras sejam obrigatórias para a PM desde 2022, um levantamento de seis meses feito pelo Fantástico mostrou que, em quase 500 processos analisados, as imagens não confirmaram as versões das autoridades ou dos suspeitos. Em muitos casos, a justificativa para a ausência de vídeos foi a falta de acionamento do botão de “modo ocorrência” ou o não uso das câmeras pelos policiais. A Corregedoria da PM abriu mais de 2.600 investigações relacionadas ao uso inadequado das câmeras corporais.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus