Relatório da PF sobre tentativa de golpe inclui novas provas contra Bolsonaro
O relatório de 884 páginas da Polícia Federal inclui novas provas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga um suposto planejamento de um golpe de estado contra o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. A operação indiciou 36 pessoas, incluindo o ex-mandatário, Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-assessor da Presidência Filipe Martins e o presidente do PL, Valdemar Costa Netto, entre outros.
Uma das provas é uma agenda encontrada na casa do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro, contendo “diretrizes” sobre como “disseminar ataques ao sistema eleitoral”. Na agenda, Heleno indica a necessidade de de “estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações”. Além disso, afirmou: “É válido continuar a criticar a urna eletrônica”.
Para a PF, a estratégia dos investigados era atacar a credibilidade das urnas para incitar desconfiança e indignação nos aliados de Bolsonaro.
“Em outro trecho, há novas anotações sobre narrativas de fraudes no sistema eletrônico de votação e transmissão de dados dos votos”, descreve a PF.
A corporação encontrou ainda um plano golpista, chamado de “Operação 142”, na mesa de um assessor do general Braga Netto — ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro — na sede do PL. Segundo as investigações, o documento mostra que Braga Netto e seu entorno “tinham clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito”.
O plano era manuscrito e previa o acionamento do artigo 142 em um chamado “Dia D”, seguido por diversas ações, como o “discurso em cadeia nacional de TV e rádio”, “interrupção do processo de transição”, “anulação de atos arbitrários do STF”, “mobilização de juristas e formadores de opinião”, “anulação das eleições”, “prorrogação de mandatos”, “substituição de todo o TSE” e “preparação de novas eleições”.
Segundo o relatório da PF, o documento afirma que o “estado final desejado” era impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorrida no início de 2023.
“Outrossim, a investigação também identificou ações nos meses de novembro e dezembro relacionadas ao monitoramento do então presidente eleito LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, especialmente nas proximidades do hotel Meliá em Brasília/DF, local em que o presidente estava se hospedando na capital Federal. Da mesma forma, evidenciou-se que o Policial Federal WLADIMIR MATOS SOARES aderiu ao intento golpista, inclusive repassando informações sensíveis sobre a estrutura de segurança do presidente eleito”, diz a PF.
Por: Ágatha Araújo
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