Citado mais de 500 vezes no documento, Bolsonaro é apontado pela PF como líder dos atos

O relatório de 884 páginas da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa”. Indiciado com outras 36 pessoas, Bolsonaro foi mencionado 535 vezes no inquérito.

O documento teve o sigilo quebrado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator do processo, e foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que analisará se apresenta denúncia contra os indiciados.

“Os elementos demonstram de forma inequívoca, de fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz trecho do material que é resultado das investigações da PF.

O relatório destaca o fato de que desde 2019 o ex-presidente adota um discurso de ataque à credibilidade das urnas. O texto diz ainda que outros integrantes do então governo, como o ministro da Justiça Anderson Torres, o ministro da Defesa Paulo Sérgio, do ministro do GSI, Augusto Heleno e do Secretário-geral da Presidência em exercício, Mario Fernandes, seguiram exatamente a metodologia, propagando e disseminando alegações falsas de manipulações de votos nas eleições.

Para a PF, Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa no grupo que iniciou a prática de atos clandestinos para o golpe.

“Na concepção dos integrantes da organização criminosa, a assinatura deste decreto presidencial serviria como base legal e fundamento jurídico para o golpe de Estado”, completa um trecho do relatório.

Devido ao recesso de fim de ano na Corte, que começa no dia 19 de dezembro e termina em 1° de fevereiro de 2025, a expectativa é a de que o julgamento da denúncia da procuradoria ocorra somente no ano que vem.

Por: Ágatha Araújo

Foto: Agência Brasil