Bolsonaro negou pedido de general para botar ministro a favor de golpe
No último mês de seu mandato, o então presidente Jair Bolsonaro negou um pedido para substituir o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, que se mostrava contra um golpe de Estado. Preso na última terça-feira (19), o general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, foi quem solicitou a substituição.
O diálogo aconteceu no dia 8 de dezembro de 2022. No dia 10, em conversa com Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro, o general relatou o pedido demonstrando insatisfação com a resistência de Nogueira em avançar com o plano para impedir a posse do então presidente eleito Lula.
“Cara, eu tô aloprando por aqui. E eu queria que tu reforçasse também, pô, eu falei com o [capitão Sérgio Rocha] Cordeiro [assessor de Bolsonaro] ontem, falei com o presidente. Porra, cara, eu tava pensando aqui, sugeri o presidente até, porra, ele pensar em mudar de novo o MD [ministro da Defesa], porra. Bota de novo o general Braga Netto lá. General Braga Netto tá indignado, porra, ele vai ter um apoio mais efetivo. Reestrutura de novo, porra”, contou Fernandes.
O general, então, relata a resposta de Bolsonaro:
“Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe”.
“Porra, negão. Qualquer solução, Caveira [apelido de Marcelo Câmara], tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né? Sem quebrar cristais. Então, meu amigo, parti pra cima, apoio popular é o que não falta”, prossegue Fernando com Marcelo Câmara.
A troca de mensagens foi encontrada pela Polícia Federal nos equipamentos eletrônicos apreendidos com Mario Fernandes em fevereiro deste ano, durante a operação Tempus Veritatis, que investigou aliados de Bolsonaro envolvidos no planejamento do golpe de Estado. Na conversa, o oficial fala sobre a alternativa de provar uma suposta fraude nas urnas eletrônicas.
Com a deflagração da operação Contragolpe, que apura um suposto atentando planejado contra Lula e Moraes, foram presos o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, o major Rafael Martins de Oliveira e o policial federal Wladimir Matos Soares. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
Por: Ágatha Araújo
Foto: Agência Brasil