Fóssil quase intacto encontrado no Brasil mostra evolução do cérebro das aves

Cientistas fizeram uma descoberta revolucionária no Brasil, ao encontrar o crânio bem preservado de uma espécie de ave desconhecida, chamada Navaornis hestiae. Este fóssil, datado de cerca de 80 milhões de anos, oferece uma nova visão sobre a evolução do cérebro das aves, mostrando uma transição entre as características primitivas dos dinossauros e as capacidades cognitivas avançadas das aves modernas. O estudo, publicado na revista Nature, preenche uma lacuna de 70 milhões de anos no entendimento da neuroanatomia das aves, e representa a melhor preservação de crânio 3D de aves primitivas já registrada. 

Tendo uma geometria moderna em termos de formato do bico e grandes órbitas oculares, o crânio da Navaornis lembra superficialmente o de um pombo pequeno. Seu cérebro exibia um mosaico de características modernas e arcaicas, além de algumas intermediárias.  

Acima de questões neurológicas, o fóssil também revela características anatômicas únicas, como um aparelho vestibular maior, responsável pelo equilíbrio, do que o encontrado em qualquer outra ave conhecida. O nome da espécie, Navaornis hestiae, homenageia o cientista William Nava, responsável pela descoberta do fóssil em 2016, estado de São Paulo. Este achado histórico oferece novos insights sobre a evolução de comportamento e da cognição das aves, aproximando os pesquisadores do entendimento da origem dos cérebros mais complexos dos pássaros modernos.   

Por: Carolina Sepúlveda  

Foto: Stephanie Abramowicz/Divulgação via REUTERS