Enchentes na Espanha: Pedro Sánchez prioriza reconstrução antes de ‘debate político’ sobre possíveis responsáveis

Após as inundações que atingiram a Espanha no final de outubro, o governo espanhol anunciou nesta segunda-feira (11) um novo pacote de apoio às áreas afetadas, somando 3,8 bilhões de euros em ajudas, com foco na recuperação e na retomada econômica das regiões devastadas. Segundo o presidente Pedro Sánchez, as questões sobre as possíveis falhas na gestão da catástrofe serão discutidas posteriormente, após a conclusão dos esforços de reconstrução.

“A prioridade do governo é reconstruir e reativar a economia dessas áreas”, afirmou Sánchez, em pronunciamento após a reunião do conselho de ministros.

“O debate político sobre as responsabilidades virá depois, e temos que aprender com essa emergência climática”, acrescentou.

Desde o ocorrido, manifestações eclodiram em Valência, onde milhares de pessoas se reuniram exigindo respostas do governo central e do presidente regional Carlos Mazón (Partido Popular), criticado pela demora na resposta inicial à crise.

As críticas focaram tanto em Mazón quanto em Sánchez, especialmente após a tensa visita das autoridades à cidade de Paiporta, uma das áreas mais afetadas, em 3 de novembro, onde foram recebidos com hostilidade pela população local. Mazón, que deve comparecer ao Parlamento valenciano nesta quinta-feira para responder sobre sua gestão, admitiu que “erros podem ter sido cometidos”, mas descartou a possibilidade de renúncia, defendendo que “os recursos necessários estão sendo direcionados para mitigar os impactos”.

As novas medidas incluem ajudas adicionais de quase 3,8 bilhões de euros, com apoios específicos a setores como a agricultura, que receberá 200 milhões de euros para reparar prejuízos, e novos benefícios para trabalhadores autônomos e empresas. O primeiro pacote, anunciado na semana anterior, já havia disponibilizado 10,6 bilhões de euros em auxílios diretos e isenções fiscais para empresas e indivíduos, além de suspensões de pagamentos de hipotecas e um plano para remoção de lama e destroços, com 500 milhões de euros destinados a melhorar redes de saneamento nas regiões impactadas.

Enquanto as áreas atingidas seguem sendo recuperadas por soldados e equipes de emergência, a empresa ferroviária Renfe anunciou a retomada da linha de trem de alta velocidade entre Madri e Valência a partir do dia 14 de novembro, em um esforço para restabelecer a normalidade na infraestrutura afetada.

“A resposta eficaz e equitativa a catástrofes naturais como esta exige de nós o melhor”, declarou Sánchez, destacando a importância de “ouvir a ciência e fortalecer os serviços públicos” para enfrentar os desafios climáticos e prevenir novas tragédias.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução