Empresas de famílias ligadas ao Doutor Luizinho mantêm contratos sem licitação com Estado do Rio
O escândalo envolvendo a PCS Lab Saleme abriu um leque de investigações contra a Fundação Saúde. Duas empresas que pertencem a famílias influentes em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, possuem contratos ativos com a Fundação Saúde e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Na época em que esses contratos firmados, muitos deles sem licitação, o deputado federal Doutor Luizinho (PP) era o secretário de saúde do estado.
Uma das empresas pertence ao Grupo Sahione, que recebeu os primeiros pagamentos do Governo do Estado em outubro de 2022. Três meses antes, os donos foram homenageados por Luiz Antônio Teixeira, que é pai do então secretário estadual de Saúde, Doutor Luizinho.
“A família Sahione é uma das mais tradicionais de nossa terra. Faltou apenas a tia Gláucia que estará conosco no próximo encontro dos Laranjas da Terra. Isto sim é Nova Iguaçu“, escreveu Luiz Antônio Teixeira.
O Laboratório de Análises Clínicas São José, do Grupo Sahione, recebeu da Fundação Saúde mais de R$ 10 milhões, sem jamais ganhar uma licitação. A maior parte desse valor foi pago sem contrato, pelos Termos de Ajuste de Contas (TACs). Os pagamentos foram feitos por indenização desde que a Fundação Saúde absorveu a administração das unidades de saúde que eram geridas pelas organizações sociais (O.S.).
O outro grupo envolvido em contratos irregulares é o Mentrop. A família Mentrop é responsável pelos laboratórios Palmar Lab e pelo Centro Médico Dom Walmor. Essas empresas já receberam mais de R$ 50 milhões de verba pública da Fundação Saúde. Muitos serviços sem contrato, alguns contratos com dispensa de licitação e poucos com pregão eletrônico.
A Palmar Lab, inclusive, foi a terceira colocada no pregão que escolheu o PCS Saleme para cuidar dos exames da Central Estadual de Transplantes, que acabou gerando a crise dos órgãos infectados com HIV.
Por meio de nota, o Centro Médico Dom Walmor e o laboratório Palmar Lab informaram que os contratos foram feitos por pregão eletrônico e que os pagamentos são realizados em conformidade com a legislação vigente.
O deputado federal Doutor Luizinho vem negando qualquer influência na Fundação Saúde ou na Secretaria de Estado de Saúde.
Já o Grupo Sahione e o Laboratório de Análises Clínicas São José não se manifestaram.
Por: Ágatha Araújo
Foto: Câmara dos Deputados