Diplomatas brasileiros veem judicialização das eleições nos EUA como possível estratégia de Trump em caso de derrota
A equipe responsável por auxiliar a agenda internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera cada vez mais provável que a eleição presidencial nos Estados Unidos será marcada pela judicialização, especialmente se Donald Trump perceber um risco de derrota. Essa análise surge em um contexto onde as últimas pesquisas apontam a vice-presidente Kamala Harris à frente, em um cenário de empate técnico. Diplomatas brasileiros acreditam que Trump, caso enfrente uma nova derrota, pode seguir uma estratégia semelhante à de quatro anos atrás, quando contestou os resultados das eleições de 2020, culminando na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Entre as expectativas do Planalto, destacam-se dois possíveis cenários: primeiro, que Trump judicialize a eleição ao máximo, caso suas chances de vitória se vejam ameaçadas; segundo, que ele retome suas alegações infundadas de fraude eleitoral para galvanizar seu eleitorado. Um aliado de Lula destacou que “a insinuação de roubo ou fraude eleitoral é essencial para a estratégia política dele”.
O Brasil, por sua vez, deve manter a tradição de reconhecer rapidamente o resultado oficial da eleição. Contudo, se Harris vencer, há uma intenção entre os assessores de Lula de estabelecer uma conexão pessoal por meio de uma ligação imediata entre os dois líderes. Se Trump for o vencedor, o reconhecimento do resultado seguirá o trâmite formal habitual.
Vale lembrar que Trump se tornou um modelo para políticos bolsonaristas no Brasil, que veem em sua possível vitória uma oportunidade para renegociar questões relacionadas a uma anistia para Jair Bolsonaro.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: John Minchillo/AP