Atrito diplomático: Venezuela chama embaixador no Brasil para consultas após ‘grosseria’ de Amorim

O governo venezuelano chamou de volta ao país o embaixador em Brasília, Manuel Vadell, em protesto contra o que qualificou como “grosserias” do governo brasileiro, principalmente nas falas do assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (30), o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela criticou a postura de Amorim, classificando-o como “mensageiro do imperialismo norte-americano” e acusando-o de interferir em questões que, segundo o governo venezuelano, dizem respeito exclusivamente ao povo da Venezuela.

A convocação de Vadell reflete a insatisfação de Caracas com a posição brasileira, embora ainda não indique um rompimento formal nas relações entre os dois países. A Venezuela afirma que as falas de Amorim minaram o relacionamento diplomático, aumentando a tensão bilateral.

A situação se agravou após declarações de Amorim durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara na última terça-feira (29). Amorim afirmou que o Brasil tem sido injustamente acusado de impedir a adesão da Venezuela aos Brics. Ele destacou que o Brasil concordou com a inclusão de Cuba, mas expressou reservas em relação à Venezuela, mencionando problemas de transparência no último processo eleitoral venezuelano, em que o presidente Nicolás Maduro conquistou novo mandato.

Segundo Amorim, ao acompanhar as eleições na Venezuela, ele inicialmente considerou o processo “tranquilo”, mas foi surpreendido pela falta de publicidade dos resultados eleitorais. Questionado sobre a demora na divulgação, Maduro teria atribuído a situação a um ataque cibernético, mas Amorim retornou ao Brasil sob “um clima de incerteza”, criticando a ausência de transparência na publicação das atas eleitorais.

Por: Beatriz Queiroz
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