Governo do RJ repassa R$ 3,5 milhões, sem contrato, à associação de saúde de fundador que assume ser ‘laranja’
Uma associação de saúde que recebeu R$ 3,5 milhões da Fundação Saúde do Rio de Janeiro está sob suspeita devido ao uso de contratos emergenciais e à atuação de membros sem experiência no setor. O valor foi repassado por meio de Termos de Ajuste de Contas (TACs), modalidade considerada “excepcionalíssima” pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e não recomendada para uso frequente. Entre os integrantes da associação, estão Edenilson de Aguiar, conhecido como MC Birubiru, e Sebastião Francisco da Silva Filho, o “Tikinho do Gás”, ambos aliados políticos do recém-eleito prefeito de Belford Roxo, Márcio Canella (União Brasil).
Apesar de sua designação como membro do Conselho Fiscal da associação Cidadania e Saúde, MC Birubiru, que também trabalha como pedreiro e camelô, afirma desconhecer seu envolvimento e diz “passar dificuldades financeiras”.
“Tá de sacanagem! Tô numa pindaíba danada”, disse o músico, ao ser questionado pela reportagem do RJ2.
Tikinho do Gás, presidente da associação, tem atuação pública atrelada ao apoio político a Canella, e chegou a mudar seu apelido para “Tikinho do Canella” em homenagem ao prefeito. Ele também recusou-se a informar o endereço da empresa ao ser contatado pela imprensa.
Entre os fundadores da Cidadania e Saúde, dez declararam rendimentos modestos e receberam auxílios como Bolsa Família e auxílio emergencial durante a pandemia. Nivaldo Florentino do Nascimento, outro integrante, admite em um processo que atuou como “laranja” em outra organização, assinando documentos sem conhecê-los. Atualmente, ele trabalha como motorista de van.
Em nota, a Fundação Saúde informou que o serviço de radiologia foi licitado e que uma nova direção assumiu para acelerar processos licitatórios, especialmente devido ao aumento na demanda de 11 para 65 unidades geridas pela instituição. Já o deputado Márcio Canella destacou que cabe às autoridades investigar e punir possíveis irregularidades, defendendo a necessidade de confiança em sua ampla base eleitoral e cabos eleitorais, sem exigir antecedentes criminais de cada colaborador.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil