PF informa ao STF que Gayer é ‘peça central’ em esquema criminoso de desvio de cotas parlamentares e falsificação de documentos
Em um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) identificou o deputado federal Gustavo Gayer (PL/GO) como a “peça central” de uma associação criminosa. O parlamentar é acusado de ser o autor intelectual do desvio de cotas parlamentares e de falsificação de documentos para criar uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
A PF destaca que Gayer é suspeito de direcionar verbas parlamentares para atividades particulares que visavam movimentar atos antidemocráticos. Além disso, ele teria autorizado a participação dos outros membros do grupo nessas ações. Os indícios apontam que o deputado utilizou secretários parlamentares, pagos com recursos públicos, para atender demandas privadas. A investigação indica que Gayer também empregou verbas públicas para manter essas atividades, que funcionavam em locais custeados com recursos de sua cota parlamentar.
Em resposta às acusações, Gayer usou suas redes sociais para afirmar que nunca cometeu irregularidades e que está sendo tratado como um criminoso.
“Hoje, 25 de outubro, dois dias antes das eleições do segundo turno, do qual um candidato meu participa em Goiânia, eu acordo às 6h da manhã pela Polícia Federal. Hoje sofri busca e apreensão a mando do Alexandre de Moraes (ministro do STF)”, afirmou.
O deputado explicou que o inquérito é sigiloso e que ele não tem acesso aos motivos da busca e apreensão.
“É surreal o que está acontecendo. Esse é o Brasil que a gente vive. Não consigo saber o porquê de eu ter recebido essa busca e apreensão. O inquérito é físico, em papel, não é digital, então não consigo acessar”, lamentou.
A operação, batizada de “Discalculia”, foi deflagrada após ordem do ministro Alexandre de Moraes e visa desarticular a associação criminosa que desviava recursos públicos e falsificava documentos. Gayer e seus assessores foram alvos da ação, que justifica a instauração de uma investigação devido ao foro privilegiado do deputado. Os crimes investigados incluem associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato-desvio.
A escolha do nome “Discalculia” para a operação se deve à identificação de falsificação na ata de assembleia da constituição da Oscip, que continha uma data retroativa (ano de 2003). Na época, o quadro social da entidade seria formado por crianças entre 1 e 9 anos.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Vinicius Schmidt/Metropoles