Exército de Israel invade hospital Kamal Adwan em Gaza e danifica setor de oxigênio
Na madrugada desta sexta-feira (25), o exército de Israel invadiu o Hospital Kamal Adwan, uma das três unidades hospitalares ainda parcialmente operacionais no norte da Faixa de Gaza. Segundo autoridades de saúde palestinas, os militares dispararam contra o hospital, danificando o setor de oxigênio e colocando em risco a vida de 150 feridos e 14 recém-nascidos internados na UTI.
Relatos indicam que equipes médicas, pacientes e refugiados abrigados no local foram levados para o pátio e ordenados a deixar o prédio. Israel também efetuou prisões em massa de homens refugiados no hospital, incluindo o jornalista Abdul Rahman “Aboud” Battah, conhecido por seus 3,5 milhões de seguidores no Instagram. O diretor do Euro-Med Human Rights Monitor, Ramy Abdu, denunciou a detenção de Battah, afirmando que o adolescente foi maltratado e levado a um local desconhecido.
A invasão foi confirmada por várias fontes, incluindo a emissora CNN. Maher Shamiya, representante do Ministério da Saúde palestino, relatou à emissora que os militares demoliram partes do muro do hospital e, pela manhã, retornaram ao pátio para separar homens e mulheres.
“Depois disso, tornou-se impossível se comunicar com qualquer pessoa”, afirmou.
O diretor do hospital, Dr. Hussam Abu Safiya, relatou a entrada de tanques e escavadeiras no complexo hospitalar, com disparos direcionados aos andares superiores. “Ficamos chocados com a entrada de escavadeiras e tanques no complexo do hospital”, disse ele, descrevendo um ambiente de “pânico, terror e medo” entre os presentes.
Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), manifestou preocupação no X (antigo Twitter), após a perda de contato com o hospital.
“O Hospital Kamal Adwan está lotado com quase 200 pacientes e centenas de pessoas buscando abrigo”, escreveu. Tedros também pediu por um cessar-fogo imediato para proteger civis e profissionais da saúde, compartilhando vídeos que mostravam a destruição ao redor do hospital.
O episódio ocorre em meio a uma nova escalada de ataques aéreos que deixaram pelo menos 72 mortos na Faixa de Gaza desde a noite de quinta-feira (24). De acordo com o Ministério da Saúde palestino, os ataques incluíram bombardeios a residências na cidade de Khan Younis, ao sul, e em Beit Lahiya, matando ao menos 63 pessoas, muitas delas mulheres e crianças, além de um ataque posterior que vitimou nove pessoas no campo de Shati. Desde o início do conflito, mais de 42 mil pessoas já morreram e mais de 100 mil ficaram feridas no enclave palestino.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução/X @DrTedros