Rivaldo Barbosa, réu no caso Marielle, nega participação e elogia vereadora: ‘Pessoa sensacional’
Durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, elogiou a vereadora Marielle Franco (PSOL), com quem afirmou ter uma boa relação. Rivaldo é réu na investigação da morte de Marielle, mas negou veementemente qualquer envolvimento no crime.
Rivaldo contou que conheceu Marielle em 2012, quando assumiu a chefia da Divisão de Homicídios. Naquele período, ela era assessora do deputado estadual Marcelo Freixo, atuando na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O delegado destacou a contribuição de Marielle, que, segundo ele, ajudava a intermediar o contato de familiares de vítimas com a delegacia.
“Eu sou muito grato à Marielle por tudo que ela proporcionou, para o profissional Rivaldo, para a Delegacia de Homicídios, para a Polícia Civil e para a sociedade como um todo”, disse.
Rivaldo ressaltou a dedicação de Marielle ao trabalho:
“O que eu via nela? Comprometimento com o trabalho, dedicação com o trabalho. Uma pessoa sensacional, uma pessoa maravilhosa”
Ao questionar a motivação por trás de um possível homicídio, ele indagou:
“Como é que eu posso matar uma pessoa dessa? Eu não mato uma formiga, vou matar uma pessoa?”
O delegado também negou qualquer relação com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime, afirmando:
“Eu nunca falei com os irmãos Brazão na minha vida. Eu nunca tive nada com eles”
A suposta participação de Rivaldo foi mencionada na delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, que confessou ter matado Marielle. Lessa teria alegado que o delegado pediu para que a execução da vereadora não ocorresse durante o trajeto até a Câmara dos Vereadores, a fim de evitar a suspeita de uma motivação política.
Contudo, Rivaldo argumentou que essa ideia seria uma “ignorância jurídica”, e acrescentou que não existem provas que sustentem a delação de Lessa.
“Quem verbalizou isso ignora as normas jurídicas. É um ignorante jurídico. E meu aluno de segundo período (da faculdade de Direito), na quarta aula, não errava”, criticou.
Além disso, o delegado enfatizou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita pelo STF, não apresenta uma motivação clara para sua suposta participação no crime.
“Meu nome não aparece na motivação. Eu não tenho motivação para estar aqui. Por que estou aqui então? Eu fiz isso por quê?”, questionou.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil