Sócio do PCS Saleme se apresenta à polícia e é preso; delegacia estava fechada na hora
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório PCS Saleme, se apresentou na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, por volta das 8h30 desta quarta-feira (23). Ele estava acompanhado de seu advogado e dirigiu-se à Delegacia do Consumidor (Decon) para prestar esclarecimentos sobre a investigação de transplantes de órgãos contaminados com o vírus HIV. No entanto, a unidade estava fechada no momento de sua chegada.
A Decon só abriu suas portas após Matheus deixar o local, e, em seguida, dois policiais começaram a contatar seu advogado. Foi nesse momento que Matheus foi finalmente preso. A Polícia Civil informou que as equipes da Decon estavam em diligências desde o início da manhã para localizar o suspeito. Em nota, a instituição ressaltou que “o atendimento ao público nas delegacias especializadas inicia às 9 horas” e garantiu que a condução das investigações foi feita de forma rigorosa.
A defesa do laboratório PCS Saleme, por sua vez, criticou a decisão de prisão, afirmando que “a decisão que determina a prisão é absolutamente ilegal e constitui clara antecipação de pena, sem processo, sem julgamento”. A defesa ainda ressaltou que Matheus sempre colaborou com as investigações e que um habeas corpus será impetrado.
Nesta terça-feira (22), o Ministério Público do Rio denunciou seis sócios e funcionários do PCS Saleme, incluindo Matheus, por lesão corporal gravíssima, associação criminosa e falsidade ideológica, entre outros crimes. Segundo a promotora Elisa Ramo Pittaro Neves, a situação não é resultado de negligência isolada, mas sim de uma indiferença deliberada com a vida e a saúde dos pacientes.
“Todos estavam plenamente conscientes de que os reagentes ficam degradados ao permanecerem muito tempo na máquina analítica”, disse ela.
Além disso, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas unidades do PCS Saleme e nos endereços dos investigados. O inquérito foi concluído, mas a Decon continua a investigar outros aspectos da contratação da empresa, com apoio do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo