Caso PCS Lab: técnica investigada diz que equipe soube de inspeção sanitária em laboratório dias antes

A defesa da funcionária Jacqueline Iris Bacellar de Assis, presa sob suspeita de assinar laudos errados que resultaram na transmissão de HIV a seis pacientes transplantados no Rio, afirmou em depoimento à polícia que a equipe do PCS Lab Saleme já sabia da vigilância sanitária dias antes. Segundo Jacqueline, os funcionários receberam instrução para regularizar o laboratório antes dos agentes chegarem. O escândalo, inédito na história de transplantes no Estado, resultou na prisão de três pessoas e na interdição da clínica pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em seu depoimento, a suspeita diz que as instruções para a preparação da fiscalização da Vigilância Sanitária foram dadas em um grupo de WhatsApp, após a constatação de erros nos resultados de exames feitos no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC).

Já comentei, podem colocar a unidade de cabeça para baixo. Vista grossa em tudo. Vanessa vai levar o ROI (roteiro de inspeção da Vigilância Sanitária) da fiscalização. Levem tudo o que vocês têm de fiscalização. Fiscalizar todo o fluxo desde o cadastro“, diz a mensagem enviada no grupo intitulado “Fiscalização Iecac”.

De acordo com ela, Walter Vieira, um dos donos do laboratório, deu ordem para que os testes de HIV fossem feitos com menos frequência para “economizar custos”. Ele foi preso na última segunda-feira (14).

Essa economia deveria abranger todas as áreas da empresa, inclusive em relação ao controle de qualidade dos reagentes usados para realizar as análises do material fornecido pelos clientes e também por doadores de órgãos“, declarou a técnica.

A secretaria estadual de Saúde nega que os fiscais de vigilância tenha feito contato prévio com a PCS Lab Saleme. “Não houve qualquer contato prévio de fiscais da Vigilância Sanitária com a empresa. A inspeção foi realizada em 4 de outubro sem interferência externa e motivou a interdição do laboratório. Os resultados constam em relatório enviado à sindicância interna que apura o caso, e permanecem sob sigilo até o fim dos trabalhos da comissão“, diz a nota.

Por: Ágatha Araújo

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