Condenado por racismo, preparador físico do Peru desiste de vir ao Brasil para eliminatórias

O preparador físico da seleção do Peru, Sebastian Avellino Vargas, não virá ao Brasil para o jogo das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 marcado para esta terça-feira (15), em Brasília. Apesar de ter sido condenado por racismo pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em dezembro, o técnico não foi impedido de frequentar eventos esportivos.

Contudo Carlos Alberto Pires Mendes, o advogado de Avellino, afirmou que o preparador desistiu da viagem para evitar que seu caso e uma eventual exposição atrapalhasse a preparação da seleção peruana, que está na penúltima posição das eliminatórias.

Em julho do ano passado, Vargas foi preso em flagrante ao imitar um macaco a torcedores do Corinthians que o provocaram no final do jogo contra o Universitário, do Peru, pela Copa Sul-Americana, em Itaquera. Ele ficou detido por 10 dias até ser solto para responder ao crime em liberdade. Em dezembro, ele foi condenado a dois anos de prisão, pena convertida ao pagamento de dois salários-mínimos a uma entidade social. Vargas recorreu, mas teve os pedidos negados. O caso hoje está no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Mesmo condenado, o preparador negou o ato racista e alegou que apenas carregava cones embaixo dos braços. Porém, imagens gravadas por torcedores e pelas câmeras do estádio, tornaram essa versão insustentável.

Na decisão que condenou Vargas, o juiz Antonio Maria Patiño Zorz escreveu:

“(Vargas) possuía inequívoca ciência do significado e do alcance racista do gesto de imitação do semovente macaco e da materialização de cunho discriminatório e preconceituoso que o referido gesto exprime, resgatando estigmas de inferioridade, de menosprezo e de afronta à igualdade no que se refere a cidadãos negros e pardos.”

Por: Ágatha Araújo

Foto: reprodução